Epidemiologia e história natural da infecção pelo vírus da hepatite E no transplante hepático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Zicker, Michelle [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71007
Resumo: Objetivos: determinar a prevalência da infecção pelo vírus da hepatite E em uma população de receptores de transplante hepático realizados no Brasil e identificar as frequências dos genótipos virais encontrados nessas infecções; determinar os genótipos do vírus da hepatite E causadores de hepatite aguda e descrever a história natural da infecção pelo vírus da hepatite E na população alvo. Métodos: estudo prospectivo com a realização sistemática e periódica de sorologia, reação em cadeia da polimerase e genotipagem séricos para hepatite E em pacientes maiores de 18 anos, submetidos a transplante hepático no Hospital Israelita Albert Einstein entre 2019 e 2020 e acompanhados durante um ano após o procedimento. Resultados: foram incluídos 107 receptores de transplante hepático, 83 doadores falecidos e analisadas 765 amostras de sangue. A maioria dos participantes era do sexo masculino (73%), com média de idade de 53,5 anos. Cirrose hepática alcóolica foi a doença hepática de base mais frequente. Cerca de 72% dos pacientes eram naturais da região Sudeste do país e 94% proveniente da mesma região. Encontrou-se prevalência de hepatite E de 10.2% nos receptores e de 9.7% nos doadores. Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre as variáveis clínicas dos receptores que apresentaram imunoglobulina G anti-hepatite E positiva e negativa no pré-transplante inclusive em relação aos fatores de risco para infecção pelo vírus da hepatite E, desfecho clínico após um ano de seguimento e necessidade de retransplante. Nenhum paciente apresentou carga viral detectável no pré-transplante ou durante as coletas de seguimento. Não foram identificados episódios de infecção aguda, de reativação ou soroconversão, mesmo nas situações de discordância sorológica entre receptor e doador. Não se identificou transmissão do vírus da hepatite E através do enxerto não sendo possível determinar o genótipo e a incidência da infecção aguda. Conclusões: Infecção aguda e crônica pelo vírus da hepatite E parecem ser eventos raros na população estudada, possivelmente em decorrência de fatores sociais, econômicos e ambientais. Os dados encontrados sugerem que entre receptores de transplante hepático no Brasil a infecção pelo vírus da hepatite E deve ser investigada somente no cenário de aumento de transaminases ou enzimas canaliculares sem causa definida, como parte do diagnóstico diferencial das hepatites soronegativas após o transplante. Considerando as dimensões e heterogeneidade dos hábitos e condições socioeconômicas da população brasileira, outros estudos envolvendo receptores de transplante hepático deveriam ser conduzidos nas demais regiões do país.