Análise de dados de chuva polínica e transporte atmosférico: estudo do padrão para o Parque Estadual Fontes do Ipiranga, SP.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Aldelânio da Silva [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/69048
Resumo: Estudos de chuva polínica constituem uma importante ferramenta para determinar as relações entre pólen, vegetação, área geográfica e dispersão polínica (transporte atmosférico). Permitem balizar parâmetros ambientais atuais (dados Proxy) e de reconstituição paleoambiental. Dados de chuva polínica são escassos no Brasil, grande parte dos estudos realizados nos domínios da Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado e Caatinga, contribuem com dados de diversidade da palinoflora neotropical. Outros determinam a ocorrência dos diferentes táxons com a paisagem, e grande parte indica uma correspondência espacial bastante próxima entre eles. As análises de chuva polínica moderna das regiões sul e sudeste do Brasil têm destacado a presença de pólen da família Betulaceae, cuja área-fonte principal é a região andina. Neste caso, a correspondência entre o táxon e a região geográfica não é estabelecida, configurando um elemento exótico em relação à vegetação nativa local. A presença de pólen da família Betulaceae em estudos de reconstituição paleoambiental do Quaternário, em sedimentos de testemunhos, demonstra um padrão de dispersão por correntes de longas distâncias ao longo do período até os dias atuais. O presente estudo procura caracterizar os padrões de ocorrência dos grãos de pólen em relação ao contexto vegetacional e das correntes atmosféricas na perspectiva sazonal, objetivando fornecer dados complementares ao estudo de dispersão polínica em escalas local e regional. O Parque Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI), local do estudo, é um remanescente de Mata Atlântica na porção sul da Região Metropolitana de São Paulo. Foram instalados no PEFI quatro coletores artificiais de chuva polínica do tipo Old Field durante os períodos de primavera-verão (2008/2009) e outono-inverno (2009). As áreas de inserção dos pontos (P1, P2, P3 e P4) apresentam fitofisionomia com diferentes estágios sucessionais: P1 corresponde a área campo antrópico com predomínio de gramíneas e plantação de Pau-Brasil, P2 e P3 área vegetada com presença de arbustos e árvores de pequeno a médio porte formando um bosque heterogêneo e P4 área de proteção ambiental com predomínio da vegetação nativa da Mata Atlântica. As análises polínicas foram realizadas segundo critérios estabelecidos na literatura especializada e catálogos polínicos neotropical. Além da caracterização climática local para o período estudado, foi também avaliada as conexões das áreas-fontes de ocorrência da vegetação (local e regional) via análises de retro-trajetórias das massas de ar que alcançaram a coluna atmosférica do local de estudo em diferentes níveis altimétricos (500, 1500, 2500 e 4000 m). Como resultados: P1 (primavera-verão) apresentou maior incidência de grãos de pólen de palmeiras e grãos de pólens arbóreo (AP) (outono-inverno), representados pelas famílias exóticas que foram introduzidas na vegetação local: Arecaceae (Archontophoenix cunninghamiana ((H. Wendl.) H. Wendl. e Drude.) Pinaceae (Pinus L.) e Myrtaceae (Eucalyptus L'Hér.), respectivamente, correspondendo com a vegetação dominante do entorno do coletor. Os pontos P2, P3 e P4 (primavera-verão e outono-inverno) apresentaram uma maior ocorrência de grãos de pólens arbóreos (AP), representados pelas famílias nativas da Mata Atlântica: Clethraceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Melastomataceae. Exóticas: Pinaceae (introduzida) e Betulaceae (Betula L. e Alnus L.) de origem Andina. Os grãos de pólens não arbóreos (NAP), representados pelas famílias: Poaceae e Asteraceae (nativas). O estudo revela duas dinâmicas de dispersão polínica: 1) uma correspondente a vegetação do PEFI, próximas aos coletores: nativa e ou exótica plantada do entorno dos coletores sobre a influência dominante das correntes atmosféricas locais e; 2) e outra com uma contribuição de áreas-fontes vegetacional remota associadas a correntes atmosféricas de longa distância transportando grãos de pólen da família Betulaceae de origem andina até o parque. Além disso, o estudo fornece um modelo conceitual de dispersão polínica para a família Betulaceae, padrão observado ao longo do Quaternário até os dias atuais. Finalmente, o estudo contribui para a diversidade da palinoflora neotropical e interferências nas assembleias polínicas pela vegetação introduzidas na paisagem atual, característica das alterações das paisagens atuais.