A influência do estilo de apego na clínica e no tratamento de mulheres com Transtorno de Estresse Pós Traumático após violência sexual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Maciel, Mariana Rangel [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71235
Resumo: Introdução: Estilos inseguros de apego estão estabelecidos como fator de risco para desenvolvimento de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e como preditores de evolução e resposta ao tratamento do quadro. Estilo de apego no adulto pode mudar a depender das experiências ao longo da vida e com o próprio tratamento. Objetivos: Procuramos investigar as dimensões de apego em mulheres adultas com TEPT após violência sexual, tratadas por 14 semanas com psicoterapia interpessoal ou medicação sertralina. Investigamos se houve mudança nas dimensões de ansiedade e evitação do apego ao longo do tempo; avaliamos se estas mudanças nas dimensões de apego foram mediadoras da resposta ao tratamento; e verificamos se a resposta ao tratamento esteve associada com as dimensões de ansiedade e evitação de apego. Métodos: Um grupo de 74 mulheres foi acompanhado por 14 semanas. Foram aplicadas a Escala de TEPT Administrada pelo Clínico-5 (CAPS-5) e a Escala Revisada de Apego no Adulto (RAAS) no início do estudo, na semana 8 e na semana 14 de tratamento. Realizamos um modelo paralelo de mediação para explorar se havia papel mediador de mudança no apego na redução dos sintomas do TEPT causada pelos dois tratamentos realizados, ou seja, efeito indireto via dimensões de evitação e ansiedade. Modelo linear múltiplo foi desenvolvido para explicar os valores das dimensões de apego no início do estudo. Dois modelos lineares mistos foram estruturados para verificar como cada uma das duas dimensões de apego variou ao longo do tempo de seguimento (desfecho RAAS), e como os sintomas de TEPT variaram ao longo das 14 semanas de acompanhamento em função das dimensões de apego e de outras variáveis relevantes (desfecho CAPS-5). Resultados: O modelo de mediação não evidenciou efeito indireto das intervenções nos sintomas de TEPT via dimensões de apego. Observamos no início do estudo relação de maior ansiedade do apego com experiências adversas na infância e adolescência; nenhuma variável relacionou-se com a dimensão evitação. A dimensão ansiedade do apego não mudou ao longo do tratamento. Já a dimensão evitação do apego apresentou aumento ao longo das 14 semanas, maior para as pacientes com mais sintomas de TEPT, de origem étnica não-branca (negras, pardas e asiática), e mais jovens. Analisando o desfecho dos sintomas de TEPT ao longo do tempo, observamos interação significativa e negativa com o tempo – redução dos sintomas de TEPT em relação ao início do estudo. A redução dos sintomas de TEPT foi quase 5 pontos maior nas mulheres negras, pardas ou asiáticas. Houve associação entre os sintomas de TEPT e apego; quanto maior o escore de ansiedade, maior o nível de sintomas de TEPT. Essa relação teve interação estatisticamente significante com tempo: valores maiores da CAPS são encontrados à medida que o escore de ansiedade do apego fica mais alto. Conclusão: As dimensões de apego apresentaram comportamento diferente do esperado, com aumento do nível de evitação ao longo do tratamento, apesar da redução dos sintomas de TEPT; este aumento foi maior nas mulheres que se mantiveram mais sintomáticas do TEPT. Maior ansiedade do apego esteve associada com pior resposta ao tratamento do TEPT.