Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Proença, Cecília Roberti [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/72031
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Resumo: |
Introdução: A violência sexual é um dos eventos traumáticos que mais frequentemente desencadeia o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), condição clínica que pode se tornar crônica e debilitante se não for tratada precocemente e de forma efetiva. Embora a maioria das diretrizes recomende inibidores seletivos de recaptação de serotonina e psicoterapias focadas no trauma como opções de tratamento, nem todos os pacientes respondem a essas abordagens, além de muitos não tolerarem a exposição às memórias traumáticas. Já existem estudos na literatura que evidenciam a eficácia de terapias não focadas no trauma, como a terapia interpessoal (TIP), que explora as consequências interpessoais do trauma, em vez de confrontar o trauma em si. Objetivo: O presente estudo visa comparar a eficácia da terapia interpessoal adaptada para o TEPT (TIP-TEPT) com a sertralina em mulheres que sofreram violência sexual recente, por meio de um ensaio clínico. Visa também explorar as trajetórias de resposta terapêutica em busca de fatores preditores, principalmente o abuso sexual infantil. Método: Este estudo consistiu em um ensaio clínico randomizado e controlado com duração de 14 semanas, envolvendo mulheres diagnosticadas com TEPT decorrente de violência sexual sofrida até seis meses antes da inclusão. As participantes foram randomizadas para receber um dos dois tratamentos, sertralina ou TIP-TEPT. Após o período de intervenção, as participantes foram acompanhadas até completar um ano da inclusão. Foram aplicados instrumentos de avaliação para mensurar os sintomas de TEPT, ansiedade e depressão. A Escala de TEPT Administrada por Clínicos-5 (CAPS-5) foi a principal medida de desfecho. Além disso, a análise de trajetória de classe latente foi utilizada para avaliar preditores de resposta ao tratamento ao final do ensaio clínico e após um ano de acompanhamento. Resultados: Foram incluídas 74 mulheres, 35 no braço sertralina e 39 no braço TIP. Ambos os tratamentos reduziram significativamente os sintomas de TEPT, ansiedade e depressão, sem diferenças nos resultados entre os grupos. A média da CAPS-5 diminuiu de 42,5 (DP = 9,4) para 27,1 (DP = 15,9) com a sertralina e de 42,6 (DP = 9,1) para 29,1 (DP = 15,5) com a TIP-TEPT. A taxa de abandono do ensaio clínico foi alta, 37,8%, sem diferença significativa entre os grupos (p = 0,40). O modelo não condicional de duas classes, resposta e não resposta, foi o modelo que melhor explicou as trajetórias das pacientes ao longo do estudo. O abuso sexual na infância foi avaliado como fator preditor, sendo associado negativamente à resposta terapêutica. Conclusões: Este ensaio mostrou melhora significativa dos sintomas de TEPT, independente da variável tempo, em ambos os braços do estudo, sem diferenças entre a TIP-TEPT e o tratamento com sertralina, sugerindo que psicoterapias não baseadas em exposição podem beneficiar pacientes com TEPT. A identificação do abuso sexual na infância como fator preditor de resposta terapêutica, independente da abordagem terapêutica, é um alerta para os clínicos avaliarem os pacientes de forma individualizada, personalizando o tratamento a ser oferecido. |