Estudo retrospectivo sobre a análise das mutações por extração de DNA de melanoma e nevo melanocítico associado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Nascimento, Danielle Ioshimoto Shitara do [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2376218
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48698
Resumo: Fundamentos: Estudos clínicos e epidemiológicos sugerem que o melanoma pode surgir de novo ou estar associado a uma lesão prévia. Melanomas associados a nevos parecem ter prognóstico diferente dos melanomas de novo, quando considerada a espessura de Breslow, um dos fatores prognósticos. O papel das lesões melanocíticas benignas na gênese das células de melanoma permanece motivo de controvérsia: haveria colisão fortuita das duas entidades ou as células de melanoma e nevos poderiam estar clonalmente relacionadas, já que na maioria dos casos de melanomas associado a nevos as duas entidades compartilham o mesmo perfil genético em estudos moleculares. Objetivo: Avaliar se as mutações presentes no nevo melanocítico se mantêm nos melanomas associados, ou se o estado mutacional é distinto. Avaliar o perfil clinico-epidemiológico dos melanomas associados a nevo na cidade de São Paulo-Brasil. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo, realizado em cooperação internacional Brasil-Espanha. Casos de melanomas associados a nevos de um laboratório especializado em Dermatopatologia, em São Paulo-SP foram selecionados, submetidos à coloração hematoxilina-eosina e à imunoistoquímica com anticorpos monoclonais MELAN_A, HMB45, Ki-67. Assim, o risco de viés de seleção das populações celulares foi minimizado, pois as células névicas e as de melanoma foram selecionadas combinando-se critérios morfológicos e imunoistoquímicos.Após seleção daqueles com distinção indiscutível entre populações celulares de melanoma e nevo, os casos brasileiros e os casos de origem na Unidade de Melanoma do Hospital Clínico e Barcelona, o material foi submetido à microdissecção à laser, amplificação e sequenciamento dos genes BRAF éxons 11 e 15, NRAS éxons 2 e 3, cKIT éxon 11, PPP6C éxon 7, RAC1 éxon 2 e STK19 éxon 2. Foram feitas duas avaliações mutacionais de cada gene para todos os melanomas e nevos, seja duas vezes por sequenciamento de Sanger ou por métodos moleculares distintos (i.e. Sanger e SNaPshot, ou Sanger e PCR alelo-específica nos casos de BRAF), de maneira que apenas as mutações confirmadas foram consideradas como positivas. Resultados: Do total de 135653 laudos histopatológicos (1995-2004), 1.190 melanomas foram selecionados. Melanomas associados a nevo corresponderam a 32,7% dos casos (390/1190), sendo a associação com nevo 1,52 vezes mais frequente em melanomas finos que em espessos (IC 95% [1,16;1,99], p<0,001). Melanoma disseminativo superficial foi o subtipo histológico mais frequente, enquanto nenhum caso de Lentigo Maligno foi associado a nevo. O Breslow mediano dos melanomas associados a nevos foi menor que o dos melanomas de novo. Dos 390 melanomas associados a nevos de origem na amostra brasileira, 34 casos foram selecionados para análise molecular. Da Unidade de melanoma do Hospital Clnico de Barcelona, 27 casos foram incluídos. Um caso foi excluído por ausência de amplificação do material do nevo associado. Em 39 casos, pelo menos um gene encontrava-se mutado. BRAF 15 V600E foi a mutação mais frequentemente encontrada em melanomas (28/60; 46,6%) e nevos 51.7% (31/60). Mutação NRAS éxon 3 (Q61K) foi observada em 21,7% (13/60) dos casos. Nenhum caso de mutação em BRAF éxon 11, NRAS éxon 2, RAC1, PPP6C ou STK19 ou cKIT foi observado. Sessenta e oito por cento (41/60) dos melanomas e nevos associados apresentaram perfil genômico semelhante para os 6 genes avaliados. Conclusão: Melanoma associado a nevo representa 1/3 dos melanomas em centro privado de Dermatopatologia, situado na região Sudeste do Brasil, cidade de São Paulo, sendo associado à exposição solar intermitente, melanomas do tipo disseminativo superficial e menor espessura de Breslow. A alta concordância de status mutacional entre melanoma e nevo corroboram a hipótese de que melanoma e nevo adjacente podem ser lesões clonalmente relacionadas. Este é, na literatura consultada, o primeiro estudo da América Latina, a maior série de casos de melanomas associados a nevos avaliada molecularmente, utilizando extenso painel de genes.