Quantificação tomográfica pulmonar prediz mortalidade na doença pulmonar intersticial associado a esclerose sistêmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Macedo, Fernanda Godinho de Amorim [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/68974
Resumo: Introdução: A doença pulmonar intersticial (DPI) é uma complicação comum e precoce na esclerose sistêmica (ES). Atualmente, os métodos mais utilizados para diagnóstico e para estimativa de gravidade e progressão da doença são a Tomografia de Tórax de Alta Resolução (TCAR) e prova de função pulmonar (PFP) com medida da Capacidade Vital Forçada (CVF) e de difusão de monóxido de carbono, cujas limitações têm sido mencionadas em vários estudos. Nesse contexto, a análise quantitativa da TC (qTC) pode ser uma alternativa interessante na busca de uma maior sensibilidade na avaliação do prognóstico e fatores associados ao óbito nessas populações. Objetivos: Avaliação de DPI no baseline e seguimento da doença com a quantificação tomográfica guiada por uma plataforma digital para análise de textura de padrões (CALIPER) e correlação com os achados de prova de PFP, características clínicas, demográficas e mortalidade na ES. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo que incluiu pacientes com diagnóstico de ES (critérios ACR/EULAR 2013) avaliados consecutivamente de janeiro de 2011 a outubro de 2022 no ambulatório de Esclerose Sistêmica da Universidade Federal de São Paulo. Pacientes incluídos deveriam ter TCAR volumétrica e PFP, simultâneas, realizados no início do estudo e aos 24 meses de seguimento. Óbito, variáveis clínicas, sorológicas e tratamento foram coletados dos prontuários clínicos. As TCARs realizadas e armazenadas em um banco de dados, foram submetidas a quantificação automatizadas pelo CALIPER. Foram avaliados os seguintes parâmetros: volume total em cm3 e o percentual global de pulmão normal, opacidades em vidro fosco, padrão reticular, faveolamento, hiperluscência e volume vascular pulmonar (PVV). Ademais foram avaliados a extensão de doença pulmonar intersticial (DPI-extensão%), dada pela soma de vidro fosco, reticulado e faveolamento total em porcentagem e o escore de fibrose (%) dado pela soma do reticulado e faveolamento total em porcentagem. Os melhores limiares para as medidas do CALIPER foram calculados por meio da análise de curva ROC e os fatores associados ao óbito por meio das curvas de sobrevivência de Kaplan Meier. Resultados: Setenta e um pacientes foram elegíveis para o estudo, majoritariamente mulheres (90.1%) com idade média de 54.2 ± 11.6 anos, tempo de doença de 11 anos e forma cutânea limitada (63,4%). Sessenta (84.5%) pacientes apresentavam DPI radiográfica. Onze pacientes (15,49%) morreram durante o seguimento, todos com DPI. Todos os parâmetros do CALIPER, com exceção do faveolamento, mostraram correlação significativa com a CVF no início e no seguimento (p<0,001). Observamos um risco significativamente maior de óbito no baseline para pacientes com vidro fosco ≥ 154,6 cm3, padrão reticular ≥ 1,41% e PVV ≥ 112,18 cm3 (HR 8,25; p=0,044; HR 8,13; p=0,046; HR 3,61; p=0,041, respectivamente) avaliados pelo CALIPER e para pacientes com CVF< 70% no baseline (HR 4,88; p = 0,043). Mediante análise multivariada, os melhores preditores independentes de mortalidade foram idade, padrão reticular no baseline na avaliação pelo CALIPER e variação da CVF ≥ 5% no seguimento. Conclusão: O CALIPER é uma ferramenta útil para avaliação da extensão de acometimento e acompanhamento de DPI em pacientes com ES. O padrão reticular na avaliação basal foi independentemente associado a mortalidade e pode representar um possível marcador de gravidade e indicação precoce de tratamento.