Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Reis, Luis Gustavo [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/61495
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Resumo: |
Este trabalho reconstrói a trajetória de Joaquim Pinto de Oliveira (1733-1811), popularmente conhecido como Tebas. Nascido em Santos, Tebas migrou para São Paulo em um período em que a cidade passava por mudanças administrativas, políticas, econômicas e arquitetônicas que impactaram decisivamente sua vida. Tebas dominava a técnica de construir edifícios aplicando pedras de cantaria, material que as igrejas em São Paulo começaram a usar em seus frontispícios a partir da segunda metade do século XVIII. Reconhecido por suas habilidades, o mestre de obras trabalhou na torre da antiga Catedral da Sé, reformou o Mosteiro de São Bento, a igreja da Ordem Terceira do Carmo e a fonte de São Francisco. Além de outras obras, foi responsável por construir o primeiro chafariz público de abastecimento de água da cidade: o Chafariz da Misericórdia. É também de sua autoria o Cruzeira Franciscano de Itu, monumento de cerca de 9 metros de altura. Alguns autores que trabalharam a temática da arquitetura, em São Paulo colonial, alegaram que o peso da influência branca, ou mameluca, foi de tal magnitude que o negro não contribuiu em absolutamente nada na formação arquitetônica do burgo piratiningano. A trajetória de Tebas vai na contramão desse veredito. Ao ser requisitado para aplicar pedras de cantaria nas fachadas das igrejas, Tebas sabia onde elas poderiam ser encaixadas, o peso que a estrutura suportava, as modificações que poderia fazer sem comprometer os alicerces dos templos. Ao planejar, calcular e executar o serviço, o artífice postulava habilidades complexas adquiridas em diferentes momentos da vida. Tebas dominava não apenas cantaria, mas também a técnica da taipa de pilão demostrando, portanto, que ele e outros artífices negros contribuíram peremptoriamente na arquitetura colonial paulista. Ao suscitar tais reflexões e ressaltar o protagonismo de pessoas negras invisibilizadas, evidente que o objetivo não é reivindicar exclusividade de determinada técnica construtiva que, em nosso ponto de vista, é fruto do pensar e do fazer de diferentes pessoas e grupos, mas de reconhecer aquelas que foram soterradas por análises que estão tão consolidadas como concreto na parede. A biografia de Joaquim Pinto de Oliveira funciona como torre privilegiada de observação da sociedade paulista setecentista, caracterizada por distintos territórios culturais e sociais. Este trabalho é uma tentativa de penetrar nesse universo, por isso, mais do que reconstruir a trajetória de Tebas, apresenta um amplo e fascinante panorama social da escravidão negra em São Paulo em meados do século XVIII. |