Violência apórica e vida cotidiana: (im)possibilidades emancipatórias da luta por moradia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Fonseca, Hermes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71630
Resumo: A violência invisível e silenciosa que reproduz o estado de coisas “normal” e “pacífico” no qual as pessoas tornadas descartáveis tentam manter os rudimentos de uma vida cotidiana, lutando, principalmente, pela instituição de um habitar, constitui o objeto da discussão desenvolvida nas páginas seguintes. O esforço de uma reconstituição teórica do desterramento constitutivo da Modernidade é abordado tanto como impasse do pensar (Heidegger) quanto bloqueio do possível pelo capital (Marx). Situado no núcleo de eclosão das contradições capitalistas, a cotidianidade, o desterramento exprime-se como disputa pelo urbano, elucidada segundo uma crítica da vida cotidiana (Lefebvre). Ao reconstruir historicamente os (des)caminhos da propriedade fundiária e da gente sem eira nem beira na história brasileira, a luta por moradia (referenciada pelas instâncias da propriedade privada e da cidade) revela-se como posição de questionamento da violência ínsita à acumulação capitalista e das (im)possibilidades emancipatórias dela decorrentes. A análise desses aspectos, de modo específico, cinge-se à atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e à sua estratégia de produção do espaço. Quanto mais acirra a crise do valor, menor se torna o espaço de atuação do movimento (bem como dos demais movimentos sociais populares), evidenciando um espaço marcado por uma violência apórica, delineadora de impasses que estabelecem aporias (o sem-teto é indistintamente criminalizado, esteja no espaço público ou na ocupação de um lugar privado), que se expõem especificamente contra os pobres, como aporofobia, e que sancionam uma violência que pretende não deixar poros aos possíveis.