Professor pesquisador, professora pesquisadora: faz diferença?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Guglielmo, Luísa Alves Motta [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/70737
Resumo: Os cursos de graduação em Licenciatura e Pedagogia se mostram insuficientes para lidar com os problemas educacionais da educação básica. Stenhouse, Elliot e Pimenta abordam a importância da pesquisa realizada pelos professores na escola para a formação de um profissional crítico e reflexivo, para além da dimensão individual, transformando a escola em um espaço de enriquecimento cultural, propício para discussões de injustiças sociais e desenvolvimento reflexivo dos estudantes. Contudo, são muitas barreiras que o professor encontra ao tentar fazer pesquisa, como a falta de preparo dos docentes, o distanciamento entre Universidade e escola, a baixa (ou inexistente) remuneração e a falta de espaços das escolas que permitam a consolidação de pesquisas para melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, o professor acaba sendo o principal responsável por buscar espaços para se apropriar e produzir novas pesquisas. Porém, esses espaços são alheios às necessidades do sujeito que faz pesquisa. Considerando que as mulheres são maioria na docência, e que a produção acadêmica da mulher que se torna mãe diminui nos 4 primeiros anos após o primeiro filho, era de se esperar meios que permitissem com que elas desenvolvessem pesquisa de forma igual aos homens. Assim, essa dissertação busca delimitar os entraves existentes para o gênero feminino nas diferentes relações entre a docência e a pesquisa na educação básica, de forma a compreender se o gênero feminino deve ser um fator estruturante nesta relação. Para isso, será realizado um ensaio teórico (auto)biográfico, baseado na experiência vivenciada por mim no mestrado em Educação do PECMA, com o intuito de levantar questionamentos para o leitor acerca dos conceitos que entrelaçam a docência e a pesquisa, de forma a trazer e evidenciar a importância da questão de gênero para esses conceitos. Os resultados do estudo indicam que os cursos de mestrado e doutorado em educação analisados não possuem nos regimentos nenhuma questão a respeito da licença maternidade, fazendo com que a mulher que fica grávida durante o curso tenha que concluí-lo no mesmo prazo que os demais estudantes, tampouco os editais de ingresso desses cursos possuem uma análise diferenciada ao analisar o currículo de uma mulher que foi mãe recentemente para entrada nos cursos de stricto sensu. Além disso, uma análise realizada sobre os dados dos anos de 2019 a 2023, a respeito da quantidade de professores e professoras da Educação Básica 1 e 2 da rede pública do Estado de São Paulo identificou que na maioria dos anos analisados, tanto na Educação Básica 1, como na Educação Básica 2, o percentual de professores que fazem mestrado (em relação ao total de professores) é maior que o percentual de professoras que fazem mestrado (em relação ao total de professoras). Tais dados nos permitem evidenciar que a relação entre o professor e a pesquisa estão entrelaçadas com as questões de gênero e que, para que a escola consiga se apropriar da pesquisa, é necessário haver legislações e políticas públicas que favoreçam o acesso à pesquisa de forma igualitária para homens e mulheres.