Prevalência e impacto da infecção pelo vírus da Hepatite E em portadores de doença hepática avançada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Raimundo, Luis Gustavo [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/64949
Resumo: Introdução: O vírus da hepatite E (HEV) é um vírus hepatotrópico não envelopado pertencente à família Hepeviridae. Recentemente, a infecção pelo HEV tem se tornado mais comum em países considerados não endêmicos, como o Brasil. A importância da infecção pelo HEV em pacientes com doença hepática avançada (DHA), que cursa com inflamação crônica e disfunção imune, é desconhecida. Objetivos: Avaliar a relevância clínica da infecção pelo HEV em portadores de DHA, de forma a: A) Identificar a prevalência e os fatores associados ao contato com o HEV; B) Avaliar o impacto do contato prévio com o HEV na gravidade da hepatopatia; C) Pesquisar a prevalência de infecção crônica pelo HEV; e D) Avaliar a concordância entre dois testes disponíveis comercialmente para a de detecção de anticorpos anti-HEV da classe IgG. Material e métodos: Estudo observacional analítico transversal com inclusão de pacientes seguidos em um ambulatório terciário. O estado funcional da hepatopatia crônica foi avaliado pela classificação de Child-Turcotte-Pugh (CTP) e pelo escore MELD (Model for End-stage Liver Diseases). As amostras séricas dos pacientes incluídos no estudo foram testadas para anticorpos anti-HEV da classe IgG (por dois ensaios imunoenzimáticos diferentes) e para a presença de HEV-RNA (por RT-PCR). Resultados: Os 155 pacientes incluídos foram semelhantes aos 394 indivíduos excluídos, embora tenham se apresentado com indícios de hipertensão portal mais acentuada. Doença hepática alcoólica foi a causa da DHA em 56% da amostra, na qual 81% possuíam varizes esofágicas e 39% tinham história prévia de hemorragia varicosa. CTP classe A foi observada em 61% da amostra, com mediana de MELD de 10,4 pontos. A prevalência de anticorpos anti-HEV da classe IgG foi de 28% (44/155) e de 38% naqueles com DHA criptogênica (9/24). Pacientes com sorologia reagente apresentaram menor índice de massa corporal (IMC), mas não diferiram dos indivíduos com sorologia anti-HEV não reagente em relação às demais características clínicas e laboratoriais e quanto à gravidade da hepatopatia. HEV-RNA foi detectado em dois casos (1,3%), sendo uma paciente com hepatite C crônica (com sorologia não reagente) e um indivíduo com DHA criptogênica (com sorologia reagente). A concordância entre os dois ensaios sorológicos foi considerada boa (kappa = 0,663 + 0,068). Conclusões: Contato prévio com o HEV foi observado em 28% dos portadores de DHA, sem a identificação de fatores clínicos ou laboratoriais consistentemente associados a este achado. Evidência sorológica de contato com o HEV reagente não se associou à presença de pior estado funcional hepático em portadores de DHA. Infecção crônica pelo HEV foi observada em dois casos (1,3%), com sorologia anti-HEV IgG não reagente em um deles. Em portadores de DHA, dois ensaios imunoenzimáticos comercialmente disponíveis apresentam boa concordância.