Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Santos, Davi Rettori Pardo dos [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/68856
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: Estima-se que globalmente 6% das mulheres em idade fértil tenham doença renal crônica (DRC) e que 3% das gestações ocorram em portadoras dessa condição. A gravidez fisiologicamente promove aumento em volume plasmático circulante, fluxo plasmático renal e taxa de filtração glomerular, assim como alterações em permeabilidade capilar glomerular e reabsorção tubular e, portanto, constitui um importante aumento na demanda metabólica renal, e a incapacidade de adequar-se a ela está relacionada a desfechos maternos e fetais desfavoráveis. As glomerulopatias são etiologia importante de DRC e desfechos desfavoráveis são associados a gestações que coexistem com essa condição, especialmente em situações de alteração de função renal prévia e proteinúria; no entanto, essa associação carece de maior estudo, especialmente em âmbito nacional. OBJETIVOS: Os objetivos primários deste estudo foram: descrever as características clínicas e laboratoriais das glomerulopatias no curso da gestação e avaliar os desfechos maternos e fetais na gravidez em pacientes com glomerulopatias. Os objetivos secundários foram: determinar fatores associados aos desfechos maternos e fetais na gravidez dessas pacientes. MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional retrospectivo analítico do tipo coorte histórica, realizado em centro único, baseado no levantamento de dados de prontuários de pacientes seguidas no Ambulatório de Nefrites da UNIFESP-EPM, no período de 1992 a 2021. RESULTADOS: Avaliamos 60 gestações que preenchiam os critérios de inclusão. A idade média das pacientes era de 28,7 anos; o diagnóstico etiológico da glomerulopatia correspondia em frequência decrescente a nefrite lúpica (31,7%), glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF, 26,7%), doença de lesões mínimas (16,7%), nefropatia por IgA (8,3%), doença de Alport (6,7%), glomerulopatia membranosa (3,3%), nefropatia por C1q (1,7%) e glomerulonefrite pauci-imune (1,7%). Entre comorbidades, observamos que 35% das pacientes tinham hipertensão arterial; 20% estavam em uso de inibidor da enzima conversa da Angiotensina (IECA) ou bloqueador de receptor da angiotensina (BRA). Apresentavam taxa de filtração glomerular média pré-concepção de 101,98 ml/min/1,73m² e níveis de proteinúria média de 0,79g/24h. Quanto aos desfechos renais, 5,4% apresentaram piora de função renal e 50% atividade de sua glomerulopatia, constatando-se que em 35,5% dos casos foi preciso alterar o esquema imunossupressor. Quanto aos desfechos obstétricos, houve 6,7% de abortamentos, 5,6% de pré-eclâmpsia, 59,2% dos partos foram cesárea, 46,8% foram partos prematuros e 34,1% dos recém-nascidos (RN) tiveram baixo peso, com 5,4% de óbitos fetais e 10,8% necessitando de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal. Pacientes que estavam em uso de imunossupressor ao diagnóstico e aquelas com atividade de sua glomerulopatia na gravidez tiveram mais partos prematuros (p=0,03) e RN com menor peso ao nascimento (p=0,03). Alguns tipos histológicos se associaram com maior risco de desfechos fetais, sendo que RN de pacientes com GESF, nefrite lúpica, e glomerulopatia membranosa tiveram também mais baixo peso ao nascer quando comparados com aqueles de mulheres com as demais glomerulopatias. CONCLUSÕES: Em nossa população, observamos que a gestação em pacientes com glomerulopatias esteve pouco associada à alteração de função renal, mas associou-se com altos índices de atividade de glomerulopatia e de desfechos obstétricos. Detectamos ainda maior risco de desfechos obstétricos naquelas que estavam em uso de medicamento imunossupressor e que tiveram atividade da glomerulopatia durante a gravidez |