Efeitos da privação de sono sobre diferentes fases da sensibilização comportamental à cocaína

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Berro, Laís Fernanda [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/23160
Resumo: A dependência química é uma doença crônica reincidente caracterizada pelo uso compulsivo de uma substância apesar de diversos problemas a ele relacionados. Apesar de muitos fatores contribuírem para a iniciação e continuação do uso de drogas, a exposição a estresses, em qualquer fase da dependência química, parece piorar essa doença. Dentre os fatores estressores evidentes na realidade de indivíduos dependentes químicos, prejuízos de sono representam uma de suas principais queixas em todas as fases dessa doença, sendo insônia e diminuição no tempo total de sono os prejuízos mais frequentemente relatados e observados. Nesse contexto, o intuito da presente tese foi investigar os efeitos da privação de sono total por um período de 6 horas sobre diferentes fases da sensibilização comportamental à cocaína, modelo animal de dependência química. Em camundongos Swiss machos adultos (2-3 meses), um único período de privação de sono total, fator comprovadamente estressante, potencializou a atividade locomotora dos animais no aparelho de campo aberto frente a um desafio agudo com cocaína, aumentando, também, a impulsividade de camundongos em detrimento do efeito ansiogênico dessa droga. Ainda, animais submetidos repetidamente (4 sessões) à privação de sono e imediatamente depois expostos ao aparelho de campo aberto foram mais responsivos a um desafio com cocaína realizado após uma semana, caracterizando um fenômeno de sensibilização cruzada. Ao investigarmos os efeitos desse fator sobre o comportamento de animais previamente sensibilizados à cocaína (4 sessões), verificamos que a privação de sono antes de cada sessão de reexposição ao aparelho de campo aberto na ausência da droga adiou o início da extinção do condicionamento droga-contexto e prejudicou a extinção completa dessa associação. De fato, o tempo necessário para a extinção completa da locomoção condicionada em animais tratados com cocaína que puderam dormir livremente não foi suficiente para a extinção completa em animais privados de sono. Por fim, uma vez extinta a locomoção condicionada, um único período de privação de sono total não afetou a reinstalação da sensibilização comportamental induzida por cocaína. Portanto, a privação de sono representaria um elevado fator de risco para a continuação do uso da cocaína após o primeiro consumo dessa substância. A esse respeito, a condição atual de privação de sono inerente à sociedade moderna imporia uma maior responsividade a drogas de abuso, podendo favorecer a progressão do uso da droga. Ainda, uma vez que a privação de sono é um fator concomitante à dependência química e que a presença do condicionamento droga-contexto pode desempenhar um papel crucial no ciclo dessa doença por levar à recaída, a possibilidade de a condição de sono prejudicar a extinção dessa associação durante períodos de abstinência pode representar a base para um fenômeno clinicamente relevante.