Cuidado decolonial. Covid-19 em territórios vulnerabilizados com organizações de mulheres empobrecidas, racializadas, potentes e as relações êmicas, éticas e políticas com a Atenção Básica do SUS: Revisão de escopo e metassíntese qualitativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Camilo, Claudia [UNIFESP]
Outros Autores: Oliveira, Claudia Camilo de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71275
Resumo: Introdução: O Cuidado é a forma mais antiga da manutenção da vida. Observamos uma sobrecarga no cuidado em territórios vulnerabilizados ou em exclusão social com a chegada da pandemia da covid-19. Como se dá o cuidado em territórios marcados por desigualdades sociais? Objetivo: compreender o cuidado em territórios vulnerabilizados antes da e durante a pandemia da covid-19 e verificar a possibilidade de se forjar a categoria cuidado decolonial. Método: o materialismo histórico-dialético guia a organização metodológica desta tese. A primeira etapa foi o mapeamento do cuidado em diferentes territórios, levantamento das lacunas e das práxis do cuidado, mediante revisão de escopo. A segunda etapa foi o aprofundamento nos estudos primários qualitativos realizados pelo Laboratório de Estudos de Desigualdade Social, entre 2010 e 2024, cobrindo as lacunas levantadas, nos territórios da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), por intermédio de uma metassíntese qualitativa. Utilizamos o software atlas t.i. 2024 para sistematizar os dados dos estudos primários. Análises: a análise sócio-histórica levanta dados históricos sobre o Brasil e sobre os territórios dos municípios da RMBS. A análise formal traz a organização dos estudos primários através dos princípios da revisão de escopo e da metassíntese. Resultados: são estruturados nos métodos de revisão de escopo e metassíntese. O escopo traz o mapeamento dos estudos e a descrição das práxis de cuidado. A metassíntese traz zonas de sentido a partir dos estudos primários. Discussão: a interpretação e a reinterpretação são feitas à luz de abordagens feministas da Decolonialidade, da Ética do Cuidado e da Psicologia Social, de onde nasce a nova categoria Cuidado Decolonial. Devido à forma Estado, ao sistema capitalista e neoliberal, aguçam-se desigualdades sociais. O constante sucateamento do SUS, do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), especialmente entre 2016 e 2022, trouxe o aumento da fome, de violências, mortes precoces, de poderes paralelos, entre outros, sobrecarregando as mulheres, com ênfase nas racializadas, que são as lideranças comunitárias e profissionais da APS nos territórios estudados. A potencialidade do cuidado se dá na práxis delas, a criatividade na busca de soluções em meio à necropolítica e à sindemia, a organização de ações comunitárias em prol do cuidado decolonial, êmico-ético-político, perpassado pela saúde coletiva, pelos vínculos, pelos afetos, pela subjetividade, por práticas ancestrais e pela conscientização da necessidade de ser comunitário e inclusivo. Considerações finais: O Cuidado Decolonial traz diversas formas cuidadosas, desvinculando o capital colonizador da posição de prioridade e elevando o cuidado da reprodução da vida ao topo na importância, de forma êmica, ética e política, mediante protagonismos de mulheres empobrecidas e racializadas para com, contra e para além da forma Estado. Investir no SUS e efetivar seus princípios nos territórios mostra ser um balizador do cuidado, podendo a aplicação de seus princípios ser uma forma revolucionária de cuidar. A covid-19 nos territórios estudados causou sofrimentos, mas ensinou que a saúde tem de ser pública e coletiva. Que o cuidado extrapole o modelo biomédico, medicamentoso, manicomialista e seja enraizado em sua essência histórica para além da eurocêntrica burguesa, que seja mais valorizado pela polis, com direitos ampliados, universais, de qualidade, acessível à população e que esteja explícito nas políticas, programas e códigos civis, considerando sempre o êmico nas relações. Que ele seja moldado continuamente pelas práxis das mulheres racializadas dos diversos territórios, para que as fraturas sociais sejam sanadas e para que um dia possamos superar relações, formas de sociedades e sistemas deletérios.