"Tem gente que só procura a gente na hora da dor": ajuda na saúde e produção de capital político

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sarmento, Gilmara Gomes da Silva lattes
Orientador(a): Castro, Elisa Guaraná de lattes
Banca de defesa: Comerford, John Cunha, Palmeira, Moacir Gracindo Soares, Bezerra, Marcos Otávio, Medeiros, Leonilde Servolo, Menezes, Thereza Cristina Cardoso
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Aid
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9434
Resumo: Esta tese apresenta um estudo etnográfico sobre as implicações da ajuda na configuração política de um município do norte fluminense. Como ponto de partida a constatação de que a maioria dos políticos locais estava envolvida na prestação de assistência informal na área de saúde. Tratava-se de diferentes mediações para dar resolução as demandas de enfermidade e de morte. Transportar enfermos ao médico, conseguir vagas em hospitais, marcar consultas ou cirurgias, interceder na agilização de determinados procedimentos e pagar despesas funerárias eram algumas das atividades desenvolvidas por esses políticos. Na medida em que a pesquisa de campo avançava, a centralidade do campo da saúde como arena de produção de capital político ficava ainda mais evidente, pois foi possível constatar que o êxito eleitoral de algumas dessas personalidades estava associada quase que exclusivamente às atividades de assistência nesta área. Para muitos desses políticos, o prestígio assim conquistado era o principal recurso social mobilizado como forma de legitimação política. No entanto, a inserção neste universo da ―assistência‖ não era tão simples como parecia, pois demandava determinada conduta ética. Esse tipo de ―assistência‖ podia produzir políticos, mas também desmoraliza-los, pois ao mesmo tempo em que a ajuda em momentos de sofrimento e dor podia gerar uma dívida moral impagável, ao menor sinal de interesse o político podia ter a reputação arruinada, porque esses domínios da vida eram concebidos como inegociáveis. Sendo assim, a partir deste trabalho tentou-se apreender as lógicas morais que possibilitavam que práticas de ajuda, favores e trabalho social na saúde pudessem conformar uma modalidade de entrada e reprodução política