Influência de plantações de banana na assembleia de morcegos (Chiroptera) e na dieta e dispersão de sementes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Luz, Júlia Lins lattes
Orientador(a): Esbérard, Carlos Eduardo Lustosa lattes
Banca de defesa: Zortéa, Marlon, Bernard, Enrico, Pires, Alexandra, Rocha, Flávia Souza, Geise, Lena
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9225
Resumo: A modificação da paisagem para a produção de alimentos e outras comodidades para consumo humano representa a mais severa e comum ameaça à biodiversidade global. Os objetivos deste trabalho foram analisar como o plantio de bananas afeta a comunidade de morcegos, analisar se o plantio de bananas diminui a dispersão de sementes, verificar se a abundância de recurso alimentar influencia a abundância e a riqueza de morcegos em áreas de plantação de banana, verificar se os morcegos se deslocam entre áreas de plantações e fragmentos florestais e se mantêm fidelidade à área de captura. Foram selecionadas 12 áreas de plantação do estado do Rio de Janeiro. Mensalmente, entre novembro de 2008 e outubro de 2010, foram realizadas duas noites de coleta, sendo uma em área de plantação de banana e outra em um fragmento florestal adjacente. As coletas foram realizadas com redes de neblina, totalizando 142.560 m2.h de esforço amostral. Os morcegos foram identificados, permaneceram em sacos de pano para obtenção de amostras fecais, e soltos após receberem marcação. No laboratório, as sementes foram classificadas em morfotipos e contadas. A disponibilidade de recurso alimentar nas áreas de plantação de banana foi estimada através de cinco plots de 100 m2 , nos quais era contabilizado o número de bananeiras, infrutescências e inflorescências de banana. Um total de 2.369 capturas e recapturas de 27 espécies foi registrado. Nos bananais, foram capturadas 22 espécies, sendo quatro exclusivas; nos fragmentos, 23, sendo cinco exclusivas. A frequência de captura nos bananais foi maior do que nos fragmentos. A riqueza, a diversidade e a equitabilidade mostraram-se similares. As espécies significativamente mais abundantes nos bananais foram Artibeus lituratus, Carollia perspicillata, Glossophaga soricina e Phyllostomus hastatus. A abundância de frugívoros, nectarívoros e onívoros foi maior em áreas de plantio, enquanto a de insetívoros foi maior em áreas de floresta. A riqueza estimada para cada ambiente sugere que os fragmentos florestais são mais ricos do que as áreas de plantio. Uma análise de escalonamento multidimensional (NMDS) indicou separação entre os bananais e os fragmentos florestais baseado no número de capturas por espécie, através da distância Bray-curtis. Foram analisadas 1.127 amostras fecais de 20 espécies, que apresentaram sementes de 33 morfotipos de 12 famílias de plantas. Foi possível verificar a presença de polpa de banana em amostras fecais de 10 espécies. A riqueza e abundância de sementes dispersadas nos dois ambientes não diferiram. No entanto, a abundância de sementes por amostra fecal foi menor em áreas de plantação de banana. A abundância de Sturnira lilium foi inversamente proporcional à abundância de bananeiras e infrutescências de banana. A abundância de G. soricina, A. lituratus, morcegos nectarívoros e frugívoros foi diretamente proporcional à abundância de recurso alimentar. Foram obtidas 102 recapturas de 99 morcegos de 10 espécies. As espécies mais recapturadas foram C. perspicillata, A. lituratus e P. hastatus. Vinte e oito indivíduos transitaram entre os ambientes, 68 permaneceram no mesmo ambiente da captura e três foram recapturados duas vezes, uma em cada ambiente. Em todos os casos analisados, a proporção de indivíduos recapturados no mesmo local da captura foi maior do que a proporção de indivíduos recapturados em ambientes diferentes. Em áreas de plantação de banana, a ordem Chiroptera foi capaz de manter uma comunidade diversa, a capacidade de dispersão de espécies pioneiras de plantas e a capacidade de deslocamento. Esses resultados reforçam o potencial dos morcegos como regeneradores de habitats modificados pelo homem.