Reconfigurações na economia estancieira do sudoeste do Rio Grande do Sul (1985-2022): renda da terra, bovinocultura de corte e diferenciação social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Zanella, Francis Casagranda lattes
Orientador(a): Delgado, Nelson Giordano lattes
Banca de defesa: Delgado, Nelson Giordano lattes, Kato, Karina Yoshie Martins lattes, Escher, Fabiano lattes, Piccin, Marcos Botton lattes, Waquil, Paulo Dabdab lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/18520
Resumo: Esta tese analisa as reconfigurações na economia estancieira do Sudoeste do Rio Grande do Sul, entre 1985 e 2022, com atenção para as dinâmicas envolvendo a propriedade fundiária, a renda da terra, a pecuária bovina de corte e a diferenciação social entre estancieiros. As abordagens teóricas de Henry Bernstein e Guilherme Delgado, sobre mudanças agrárias, dinâmicas de classe e o capitalismo na agricultura brasileira, são utilizadas para interpretar as mediações dos estancieiros, enquanto patrões rurais e proprietários de terras, com as políticas macroeconômicas e os demais grupos implicados nos mercados agropecuários. A pesquisa combina três fontes de dados: a) revisão da literatura especializada sobre as transformações no patronato rural e nos sistemas produtivos durante os séculos XX e XXI; b) levantamento de dados nos censos agropecuários e em outras fontes de pesquisa sobre a terra e a bovinocultura de corte; c) trabalho de campo no município de São Gabriel-RS a fim de construir diálogos entre teoria e achados empíricos, bibliográficos e censitários. A principal hipótese argumentada ao longo da tese indica que a acumulação econômica estancieira se reconfigura durante as décadas de 1980 e 1990, de modo que a propriedade da terra e a bovinocultura de corte gradativamente assumem novas feições. No entrelaçamento desses agentes ao contexto nacional de pacto do agronegócio, a partir dos anos 2000, os estancieiros ficaram mais expostos às relações concorrenciais na bovinocultura de corte em escala local e nacional, mas, ao mesmo tempo, elevaram a receita potencialmente apropriada com a renda da terra. Esta expectativa de rentabilidade avança no Sudoeste rio-grandense em sintonia com a aptidão das terras para a lavoura temporária, sobretudo a de soja. Enquanto isso, seu avanço na pecuária de corte não é tão unívoco quanto na agricultura, de modo que se observam heterogeneidades produtivas e diferenciações patrimoniais entre estancieiros. Sua posição foi deslocada na cadeia produtiva do gado de corte em termos da perda de controle sobre o elo industrial da carne vermelha e da menor relevância na posse do estoque bovino. No entanto, a conservação do patrimônio fundiário segue como recurso fundamental para o acoplamento desse grupo social enquanto fração das classes dominantes no interior dos mercados agropecuários sul-rio- grandenses e das disputas nacionais pela apropriação de fundos públicos.