O uso de praias arenosas e áreas de mangue por peixes jovens em duas baías do Sudeste do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Costa, Marcus Rodrigues da lattes
Orientador(a): Araújo, Francisco Gerson lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9179
Resumo: Áreas de mangues e baías são ecossistemas que apresentam um importante papel ecológico, por fornecer vias para importação e exportação de energia (migrações, predação, pesca, etc). O presente trabalho teve como objetivo identificar variações nas assembléias de peixes jovens em sistemas de praias e de mangue, visando testar hipótese de que as diferenças estruturais que caracterizam os dois ambientes ocasionam diferenças nas assembléias de peixes. Amostragens de peixes em praias arenosas de duas baías e em uma área de mangue no sudoeste do estado do Rio de Janeiro foram realizadas através de coletas bimestrais diurnas nas baías, e mensais diurnas e noturnas no manguezal, durante o período de agosto de 2002 a julho de 2003. Os arrastos de praia foram padronizados, sendo realizados perpendicular à linha de costa, a uma profundidade inferior a 1,5 metros, com extensão de aproximadamente 30 metros. As coletas foram realizadas com auxílio de uma rede do tipo picaré (10 m x 2,5 m, malha de 7 mm). Em cada amostragem, foram feitos medições da profundidade, transparência (exceto no período noturno), temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido e condutividade, além da coleta de sedimento em cada ponto amostral. A maioria dos indivíduos capturados foram juvenis do ano e jovens imaturos. Noventa e oito espécies de peixes foram capturadas ao longo de todo programa amostral, incluindo os cinco locais de coleta do manguezal de Guaratiba e as 14 praias arenosas, sendo 7 da baía de Sepetiba e e 7 da baía de Ilha Grande. Ao todo, foram capturados 46.444 indivíduos, pesando 66.206,76 gramas, e compreendendo 38 famílias e 13 ordens. As famílias Carangidae, Engraulidae, Gobiidae, Gerreidae, Sciaenidae, Mugilidae, Paralichthyidae e Tetraodontidae apresentaram, nesta ordem, as maiores riquezas na baía de Sepetiba, enquanto que na baía da Ilha Grande foram Carangidae, Engraulidae, Gerreidae, Haemulidae e Sciaenidae. No manguezal de Guaratiba as famílias com maior riqueza foram Carangidade, Serranidae, Gobiidae, Sciaenidae, Tetraodontidae, Engraulidae, Gerreidae, Mugilidae e Paralichthyidae. Onze espécies apresentaram freqüência de ocorrência superior a 10 % nas duas baías: Atherinella brasiliensis, Oligoplites saurus, Eucinostomus argenteus, Trachinotus carolinus, Strongylura timucu, Anchoa tricolor, Trachinotus falcatus, Mugil liza, Hyporhamphus unifasciatus, Anchoa januaria e Diapterus rhombeus. No manguezal de Guaratiba 14 espécies apresentaram freqüência de ocorrência superior a 10%: Atherinella brasiliensis, Eucinostomus argenteus, Gobionellus boleosoma, Eucinostomus melanopterus, Mugil liza, Sphoeroides testudineus, Diapterus rhombeus, Harengula clupeola, Anchoa januaria, Mugil curema, Synodus foetens, Citharichthys arenaceus e C. spilopterus. Das 98 espécies registradas, 87 (360 amostas) foram do Mangue e 72 (252 amostras) das duas baías, sendo 62 (126 amostras) na Baía de Sepetiba e 42 (126 amostras) da baía da Ilha Grande, com 27 espécies ocorrendo em ambos os ambientes (Mangue e baías) e 31 foram comuns às duas baías. A maior riqueza especifica no manguezal corrobora a expectativa da influência da maior estruturação deste ambiente em relação às praias arenosas. As maiores riquezas da baía de Sepetiba, comparada com a baía da Ilha Grande, que apresentaram as mesmas espécies mais numerosas, coincidiram com diferenças nas variáveis hidrográficas (maiores temperatura, condutividade, oxigênio dissolvido e transparência na baía da Ilha Grande) e em nutriente do sedimento (maiores % de matéria orgânica, Carbono, Nitrogênio e Potássio na baía de Sepetiba) com a textura do sedimento não diferindo entre as duas baías. Em geral as assembléias não diferiram dentre os locais das baías, confirmando a hipótese de dependência da baía e a refutação da dependência do habitat, embora isto tenha sido somente parcialmente confirmado para a baía de Sepetiba. Esta mesma hipótese de dependência do sistema ao invés de dependência do habitat também foi confirmada para a área de mangue.