Pesquisa de escherichia coli produtoras de beta-lactamases em águas circulantes de abatedouro aviário no estado do Rio de Janeiro, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Vianna, Thereza Cristina da Costa lattes
Orientador(a): Coelho, Shana de Mattos de Oliveira lattes
Banca de defesa: Coelho, Shana de Mattos de Oliveira lattes, Sousa, Helena Maria Neto Ferreira de lattes, Fernandes, Kayo Cesar Bianco
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
NMP
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/20382
Resumo: O Brasil é o maior exportador e produtor de carne de frango no mundo. Essas aves possuem naturalmente a presença de bactérias como Escherichia coli no trato gastrointestinal que podem causa adoecimento ou até morte desses animais. Visando evitar isto, antimicrobianos têm sido adicionados na água e ração como medida profilática e atuando como melhorador de desempenho. Porém, isso pode favorecer a seleção de bactérias resistentes aos antimicrobianos existentes. Dentre os mecanismos de resistência em bactérias Gram-negativas, o mais importante é a produção de enzimas beta-lactamases, destacando-se as do tipo de espectro ampliado (ESBL) e AmpC. Sabendo-se que durante esse processo de produção de carne aviária há o consumo em torno de 5.000 a 21.000 L de água por tonelada de carne, gerando grande quantidade de efluentes ao longo da cadeia de abate, entende-se que a água é mais uma via de disseminação das bactérias multirresistentes presentes neste ambiente, potencializando a transmissão entre os animais, o meio ambiente e seres humanos. Dessa forma, o presente estudo buscou avaliar qualidade de águas circulantes de um abatedouro aviário e, traçar um perfil de resistência e detectar de forma fenogenotípica a presença de isolados de Escherichia coli produtoras de ESBL e AmpC através de amostras de água. As amostras foram coletadas no município de São José do Vale do Rio Preto, na região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, onde deságua o rio Preto, em diferentes pontos de passagem de água do abatedouro de frangos, totalizando 16 amostras. Para determinar o número de coliformes totais e coliformes termotolerantes utilizou-se a técnica do Número Mais Provável (NMP). A água da entrada do abatedouro estava dentro do padrão exigido pela legislação, enquanto os efluentes tratados estavam ejetando uma carga que excede o limite máximo de qualidade. Foram isoladas e identificadas por MALDI-TOF MS, 76 Escherichia coli. Ampicilina foi o antibiótico menos eficaz e Meropenem o mais. Além disso, 61,8% (47/76) apresentaram resistência a pelo menos um antibiótico, sendo dentre estas 6,38% (3/47) consideradas multirresistentes (MDR). Em relação aos diferentes pontos de coleta, observa-se que a entrada apresenta menor diversidade de resistência a antibióticos quando comparado ao que sai. Entre os isolados analisados,19,7% (15/76) indicou possível produção de ESBL e 6,6% (5/76) de AmpC no Teste de Disco Difusão. No Teste de Sensibilidade de Duplo Disco (TSDD), 10,5% (8/76) foram positivos 11,8% (9/76) para o Teste de Aproximação com CAZ/CZC e 15,8% (12/76) com CTX/CTC e 3 cepas foram positivas para produção das enzimas nos testes confirmatórios. Dentre os 76 isolados, 21% (16/76) positivaram para o gene blaCTX-M-1, e 17,1% (13/76) para o gene blaCMY-2-like, onde 6,5% (5/76) apresentaram co- produção do gene. Ao se comparar esses dados com o fenotípico, percebe-se que 68,7% (11/16) possuíam o gene blaCTX-M-1 mas não apresentaram fenótipo de ESBL e 84,6% (11/13) apresentaram o gene blaCMY-2-like sem apresentar resistência a cefoxitina. O presente trabalho possibilita entender o impacto desses estabelecimentos de produção como contribuintes para o fenômeno da resistência à antimicrobianos através da água em uma perspectiva de Saúde Única.