A importância dos frutos na dieta de calitriquídeos e seu potencial como dispersores de sementes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Marco Aurélio Ferreira da lattes
Orientador(a): Pires, Alexandra
Banca de defesa: Pires, Alexandra, Oliveira, Leonardo de Carvalho, Esberárd, Carlos Eduardo Lustosa
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais
Departamento: Instituto de Florestas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11330
Resumo: Os calitriquídeos são pequenos primatas do Novo Mundo, e constituem a maior família dessa região. Apesar da grande riqueza de taxa nessa família pouco se conhece acerca da dieta e da potencial dispersão de sementes para muitos desses primatas. A dispersão de sementes garante o sucesso reprodutivo de muitas espécies de angiospermas que dependem da zoocoria para a dispersão de suas sementes. Por isso é um importante serviço ecológico para manutenção e ou regeneração de florestas, rica em recursos muitas vezes utilizados também pelo homem. Assim, o objetivo desse estudo é avaliar o estado atual do conhecimento acerca da dieta e da dispersão de sementes por primatas calitriquídeos, além de um estudo de caso realizado com Callithrix jacchus no Parque Nacional da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, um fragmento de Mata Atlântica urbano onde esse primata é considerado exótico invasor. Para isso, foram realizadas buscas por artigos científicos descrevendo a dieta de calitriquídeos disponíveis nas bases de dados ISI Web of Science (http://www.webofknowledge.com), Scopus (http://www.scopus.com) e Scielo Eletronic Library (http://www.scielo.org) para a elaboração de uma revisão literária. Já para o estudo com Callithrix jacchus, os itens consumidos foram registrados através da observação focal de seus grupos além da coleta de suas fezes. Observamos que conhecemos a dieta para apenas cerca de um terço desses primatas, e a dispersão de sementes para apenas um décimo. São animais onívoros, porém consomem primariamente frutos, com exceção de Callimico goeldii que consome primariamente fungos e Cebuella pygmaea que consome primariamente goma. Em épocas de escassez de frutos esses primatas utilizam os recursos que estiverem disponíveis em maior abundância e com recompensas nutricionais semelhantes. Apresentam síndrome de dispersão semelhantes a outros primatas do Novo e Velho Mundo, com o consumo de frutos de todos os tamanhos, amarelos e carnosos. Os estudos sobre dispersão de sementes já realizados apontam o potencial do grupo nessa função, já que a maioria das sementes foi engolida e, com isso, transportada à longas distâncias da planta mãe. Esse tratamento deve ser favorecido pelo tamanho da semente, já que as descartadas são significativamente maiores que as engolidas, as quais germinaram sempre que testadas. No estudo com Callithrix jacchus que a proporção de frutos consumidos foi mais alta do que a observada em outros estudos com as espécies C. jacchus e C. penicillata em seus habitats de origem. Apesar da alta proporção de frutos entre os itens alimentares consumidos ao longo do ano, observamos que não houve diferença significativa no consumo desses entre as estações seca e chuvosa. Estudos anteriores nesta mesma área demonstraram grande disponibilidade de frutos ao longo do ano, o que pode justificar o comportamento exibido por esses primatas. Como observado para os demais calitriquídeos, consumiram em sua maioria furtos carnosos e engoliram mais da metade das espécies de semente, as quais são significativamente menores que as descartadas. Todas as sementes engolidas foram depositadas intactas e pertencem a espécies nativas e endêmicas da Mata Atlântica. O conhecimento já avaliado até o momento aponta a importância potencial dos calitriquídeos para conservação e manutenção de florestas onde habitam, mesmo onde sejam exóticos.