Cursos superiores de tecnologia como materialidade do ensino superior enxuto e flexível para o trabalho precarizado no Brasil
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares
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Departamento: |
Instituto de Educação
Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu |
País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19980 |
Resumo: | O Curso Superior de Tecnologia (CST) é um grau acadêmico de Ensino Superior com duração de 1600 a 2400 horas. Regulamentada pela LDB 9.394/1996 e pelo Decreto Federal no 5.154/2004.De acordo com o discurso governamental, a tônica dos CST é viabilizar a formação de profissionais em condições de laborabilidade, polivalentes e capazes de apresentar soluções à problemas cotidianos da produção. A materialidade dos CST revela que 83,62% dos estudantes dos CST ou 8 em cada 10 se encontram nas Instituições de Ensino Superior (IES) privadas e que 68% desta oferta é de cursos do Eixo Gestão e Negócios. Deste modo, um olhar mais atento aponta que tais cursos podem ser mais um meio de conformação do que de formação e qualificação da força de trabalho para as condições da atuais de produção, marcadas por forte introdução da microeletrônica, informática e robótica. O objeto de nossa pesquisa é a oferta dos CST nas IES privadas líderes de mercado. O referencial empírico da pesquisa é a Universidade Estácio de Sá, mantenedora da YDUQS Participações S.A. O objetivo é explicar as implicações do fato de os CST terem se tornado mercadoria acessível para determinados segmentos da classe trabalhadora mobilizada pela ideologia do empreendedorismo, da empregabilidade e da sustentabilidade. Trata-se de pesquisa pautada no materialismo histórico e dialético. Como instrumento de coleta de dados utilizamos pesquisa bibliográfica, análise documental, levantamento nos Microdados do Censo da Educação Superior e nos Microdados do ENADE. Nossa hipótese é que este modelo de ensino materializa a universidade enxuta e flexível do proletariado de serviços na era digital da acumulação capitalista. Um projeto político-pedagógico que tem uma dupla finalidade: a de formar trabalhadores de novo tipo para atender a demanda empresarial por profissionais com qualificações intermediárias que transitam entre o trabalho simples e o trabalho complexo e a de conformar trabalhadores excluídos da promessa integradora do capital e fadados ao desemprego e a precariedade do trabalho e da vida social. Como resultados apontamos que os CST são um curso direcionado aos segmentos mais precarizados da classe trabalhadora, onde a maior parte dos estudantes são adultos trabalhadores, que trabalham pelo menos 40h e que enxergam no ensino superior meio de valorização da sua força de trabalho para superar a condição de vulnerabilidade social. Concluímos que os cursos delimitados estão voltados a conformação para a vida precária de parcela de parcela significativa da classe trabalhadora para o trabalho na empresa enxuta, flexível e liofilizada do capitalismo na era digital. |