Comparações da ictiofauna entre diferentes sistemas costeiros do estado do Rio de Janeiro: relações com invertebrados bentônicos, diversidade beta e distinção taxonômica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gomes, Rafaela de Sousa lattes
Orientador(a): Araújo, Francisco Gerson
Banca de defesa: Araújo, Francisco Gerson, Santangelo, Jayme Magalhães, Manna, Luisa Resende
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10801
Resumo: Ambientes marinhos costeiros rasos são altamente produtivos e amplamente reconhecidos como importantes habitats para muitas espécies de peixes e invertebrados associados ao substrato ou à coluna da água. Diversos mecanismos podem influenciar a distribuição de peixes entre os sistemas costeiros marinhos, como interações biológicas (e.g., predação, competição) e abióticas (e.g., tipo de sedimento, turbidez). O presente trabalho foi realizado em sistemas costeiros na região sul do estado do Rio de Janeiro, que incluem praias arenosas oceânicas desprotegidas e praias arenosas dentro de dois grandes sistemas de baías (Sepetiba e Ilha Grande). Amostragens de peixes, sedimento e tomada de variáveis ambientais foram realizadas trimestralmente em três praias arenosas de cada sistema durante os anos de 2014 e 2015. Os objetivos foram: 1) determinar e comparar a relação entre peixes e invertebrados bentônicos entre os três sistemas costeiros, e detectar eventuais influências das variáveis ambientais na estrutura destas duas comunidades bióticas; e 2) comparar a ictiofauna em relação à diversidade beta, distinção taxonômica e heterogeneidade ambiental, visando testar a hipótese de que ambientes com maior heterogeneidade ambiental apresentam maior diversidade beta. A composição granulométrica e as variáveis ambientais variaram significativamente entre os sistemas costeiros, com maior turbidez na Baía de Sepetiba, maior salinidade nas praias oceânicas e menores concentrações de nutrientes na Baía da Ilha Grande. A maior abundância de invertebrados bentônicos foi observada nas baías, com a Baía de Ilha Grande destacando-se pelo maior número de indivíduos, enquanto as praias oceânicas apresentaram as menores ocorrências, o que pode estar associado a fatores físicos, principalmente a ação de ondas, que pode remover invertebrados do sedimento, acarretando numa maior exposição à predação. As composições de peixes e invertebrados bentônicos foram influenciadas pelas variáveis ambientais e a comunidade de invertebrados bentônicos não apresentou correlação significativa com a ictiofauna, entretanto algumas correlações pontuais consistentes foram observadas entre peixes e invertebrados. Por exemplo, o linguado Citharichthys spilopterus, foi positivamente correlacionado com representantes de Crustacea das ordens Amphipoda e Tanaidácea e Polychaeta das ordens Opheliida e Polygordiida, o que sugere uma relação de dependência destes peixes por estes invertebrados que podem estar sendo utilizados como recursos alimentares. Os sistemas costeiros não diferiram quanto à heterogeneidade ambiental, enquanto a diversidade beta foi maior na Baia da Ilha Grande, o que pode estar associado ao estado de melhor preservação dos locais amostrados. Não foi encontrada relação significativa entre a diversidade beta e a heterogeneidade ambiental, o que pode ser atribuído à escolha das variáveis ambientais que não influenciam na distribuição da ictiofauna. A distinção taxonômica apresentou correlação positiva com a riqueza de espécies. Assim, quanto maior o número de espécies, maior a distinção taxonômica e esse fato pode estar relacionado a interações interespecíficas, já que espécies proximamente relacionadas geralmente competem pelos mesmos recursos, assim a adição de novas espécies distanciadas filogeneticamente ocuparia diferentes nichos. Sugerimos que a rotatividade da ictiofauna (diversidade beta) deve ser considerada em planos de gerenciamento ambiental, já que esta ferramenta pode fornecer bases para seleção e delineamento de tamanhos de áreas priorizadas para a conservação, visando proteger o máximo da diversidade biológica.