Tradição e reparação: disputa em torno do conceito de literatura e a ascensão de Carolina Maria de Jesus como escritora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Barros, Denis Thiago Santos de lattes
Orientador(a): Reinheimer, Patricia lattes
Banca de defesa: Rodrigues, André Luiz de Jesus, Pimentel, Ary, Pereira, Luena Nascimento Nunes, Sant'Anna, Sabrina Marques Parracho
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/20806
Resumo: Este trabalho teve por objetivo compreender as disputas em torno do termo “literatura” desencadeadas na segunda metade do século XX e a relação disso com o reconhecimento de Carolina Maria de Jesus como escritora de literatura. Argumento que a partir dos anos 1980, gradativamente a vida e os escritos de Carolina são abordados, sobretudo em trabalhos acadêmicos, no sentido de defini-la como escritora de obras literárias. Esse processo tem a ver com os debates que atravessaram os meios literários em geral, nos quais críticas às noções de “cânone” e “tradição” na literatura tem tido um papel importante na afirmação de literaturas que não ocorrem a partir da noção de “arte pela arte” ou de “autonomia” do literário. Trabalhei com as ideias de “mundos da arte” (Becker, 2010), “campo artístico” (Bourdieu, 1996), “jogo” (Caillois, 1990) e “linhas” (Ingold, 2022) buscando entender o que significa literatura e cânone na prática de escritores, críticos e acadêmicos, e como a noção de literatura como texto autorreferente passou a ser confrontada por outra noção, que a define pelo enfrentamento de questões políticas concretas. Concluí que Carolina passou a ser lida como autora de literatura em trabalhos que adotam esta segunda noção, em detrimento da primeira, o que se expressa no volume cada vez maior de trabalhos acadêmicos sobre ela, principalmente a partir dos anos 1990, com notável força na década de 2010, e nas abordagens que esses trabalhos apresentam sobre Carolina e sua produção escrita. Esta pesquisa foi realizada a partir de extensa revisão bibliográfica, sobretudo de textos de periódicos, artigos científicos e teses de doutorado, mas também de algumas incursões etnográficas a eventos onde o trabalho de Carolina foi apresentado e/ou discutido. Na análise desse material, busquei construir um olhar etnográfico sobre uma área – a de Letras – que, se não é de todo estranha às Ciências Sociais, possui questões distintas, entre elas a definição do que é literatura.