Análise fenotípica, citogenética e de genética molecular em macaco-prego-preto, Sapajus nigritus (Platyrrhini, Cebidae), em localidades dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Penedo, Diego Mattos lattes
Orientador(a): Nogueira, Denise Monnerat lattes
Banca de defesa: Nogueira, Denise Monnerat, Verona, Carlos Eduardo da Silva, Silva, Hélio Ricardo da, Geise, Lena, Nieves, Mariela
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9218
Resumo: O macaco-prego-preto, Sapajus nigritus, é um primata neotropical com ampla distribuição na Mata Atlântica, nos estados do sudeste e sul do Brasil e na província de Misiones, Argentina. A espécie apresenta diversidade fenotípica e genética, muitas vezes associadas a padrões biogeográficos. A coloração da pelagem varia de forma intraespecífica, sendo sugerida transição na predominância do padrão preto ao marrom, no sentido sul-norte da distribuição. Análises citogenéticas em populações da Argentina demonstram polimorfismo específico no par cromossômico 11. Enquanto na maioria das espécies de Sapajus esse par é o maior acrocêntrico, com grande bloco de heterocromatina extra-centromérica (HC) terminal, em S. nigritus, nessas populações, é descrita deleção total da HC. No entanto, o grande bloco de HC terminal já foi demonstrado em exemplares do Rio de Janeiro (RJ). Além da divergência cromossômica, dados filogenéticos demonstram parafilia entre amostras do RJ e de outras localidades ao longo da distribuição. Essas variações podem corresponder a um padrão de descontinuidade filogeográfica descrito na região de Mata Atlântica em São Paulo (SP), associado a refúgios florestais ocorridos no Pleistoceno. O objetivo deste estudo foi analisar a diversidade fenotípica e genética de S. nigritus em SP e RJ, averiguando os padrões de pelagem, a distribuição da HC no par 11 e a diversidade molecular no estado do RJ, comparando-a com outras localidades. Foram analisados indivíduos de cinco populações do estado do RJ: Ilha da Marambaia (IM), Reserva Biológica de Poço das Antas (RBPA), Parque Nacional do Itatiaia (PNI), da Tijuca (PNT) e da Serra dos Órgãos (PARNASO); além de exemplares ex situ de Guaratiba/RJ (Gua) e de cidades de São Paulo: capital (cSP), São José dos Campos (SJC), São Sebastião (SS), Paraibuna (PB) e Campos do Jordão (CJ). Espécimes de S. nigritus do Museu Nacional do Rio Janeiro (MNRJ), provenientes de Angra dos Reis, Itatiaia, Paraty e Teresópolis foram incluídos nas análises fenotípicas. Foi avaliada a coloração do dorso, ventre, membros, cauda e face. A presença e a distribuição de HC foram analisadas com técnicas de citogenética clássica e molecular. As relações filogenéticas foram inferidas com base nos genes mitocondriais citocromo c oxidase I, II e citocromo b, incluindo sequências disponíveis no GenBank®. Em 49 indivíduos capturados, seis ex situ e oito exemplares do MNRJ foram identificados os padrões de pelagem marrom (n=37) e preto (n=26), com variação intrapopulacional, predominando o preto à oeste (PNI e MNRJ) e marrom à leste (IM e PNT). A associação desse achado à predominância do padrão preto descrita em uma população de SP sugere um limite na variação preto-marrom na distribuição SP-RJ. O par 11 com a deleção da HC foi observado nas amostras à leste (IM, Gua, PNT, PARNASO e RBPA), enquanto à oeste ambos os padrões foram identificados, sem (cSP, CJ e SS) e com (SJC, PB e PNI) bloco de HC. Foi observada divergência molecular entre as amostras do RJ e aquelas de SP, PR e Argentina, incluindo o PNI, formando clados parafiléticos. A diversidade intraespecífica observada em S. nigritus pode representar unidades evolutivamente significativas (UES) e confirmar a região amostrada como um ponto de descontinuidade filogeográfica para a espécie.