Análise cladística de Pycnothelinae e revisão de Rachias Simon, 1892 (Araneae, Mygalomorphae, Nemesiidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Indicatti, Rafael Prezzi lattes
Orientador(a): Brescovit, Antonio Domingos lattes
Banca de defesa: Gozalez, Abel Perez, Nunes, Antonio José Mayie, Guadanucci, José Paulo Leite, Baptista, Renner Luiz Cerqueira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9240
Resumo: Nemesiidae Simon, 1889 foi elevada ao nível de família a partir da tribo Nemesiae Simon, 1889, descrita em Ctenizinae Thorell, 1887, sendo dividida em seis subfamílias: Anaminae Simon, 1889, Bemmerinae Simon, 1903, Diplothelopsinae Schiapelli & Gerschmann, 1967, Ixamatinae Raven, 1985, Nemesiinae Simon, 1889 e Pycnothelinae Chamberlin, 1917. Esta última ocorrendo na Argentina, Brasil e Uruguai. Goloboff realizou a revisão e análise cladística dos Nemesiidae sul-americanos e considerou Anaminae e Pycnothelinae parafiléticas, além de demonstrar que Nemesiidae também era parafilética. Atualmente Pycnothelinae é composta por oito gêneros e 33 espécies: Hermachura Mello-Leitão, 1923, Neostothis Vellard, 1924, Prorachias, Mello-Leitão, 1924, Psalistopoides Mello-Leitão, 1934, Pselligmus Simon, 1892, Pycnothele Chamberlin, 1917, Rachias Simon, 1892 e Stenoterommata Holmberg, 1881. Este estudo tem como objetivo testar a monofilia de Pycnothelinae e dos respectivos gêneros incluídos na subfamília, através de análise cladística. No grupo interno, foram incluídos todos os representantes descritos de cada gênero de Pycnothelinae e mais algumas espécies não descritas. Devido à existência de uma hipótese prévia de monofilia para os gêneros inclusos em Diplothelopsini, somente parte dos táxons dos maiores gêneros foram utilizados. O grupo externo é composto por representantes das seis subfamílias de Nemesiidae e de outras cinco famílias de Mygalomorphae. A matriz de dados apresenta 103 caracteres e um total de 95 terminais amostrados. Optou-se pela topologia resultante das análises implementadas com pesagem implícita (K = 4), como a hipótese de relacionamento a ser discutida. O resultado obtido para a família Nemesiidae corrobora a hipótese prévia de Goloboff, de que ela não forma um grupo monofilético e que as subfamílias: Ixamatinae, Nemesiinae, Anaminae, Pycnothelinae e Diplothelopsinae são parafiléticas. Pycnothelinae é sustentada por uma única sinapomorfia ambígua, metatarso IV com a disposição dos espinhos prolaterais superiores 1-1-1. Nesta hipótese, Pycnothelinae só pode ser considerada monofilética, com os oito gêneros pré-existentes apresentados acima, mais a inclusão de Chaco Tullgren, 1905, Chilelopsis Goloboff, 1995, Diplothelopsis Tullgren, 1905, Lycinus Thorell, 1894 e Flamencopsis Goloboff, 1995 (Diplothelopsinae), Acanthogonatus Karsch, 1880 e Longistylus Indicatti & Lucas, 2005 (Anaminae) e espécies Neotropicais de Hermacha Simon, 1889, (exceto H. conspersa Mello-Leitão, 1941, que pertence a Cyrtaucheniidae), além das seguintes espécies e gêneros oriundos de outras famílias: Psalistops crassimanus Mello-Leitão, 1923 (Barychelidae), Xenonemesia Goloboff, 1988 (Microstigmatidae) e Lasiodora pantherina (Keyserling, 1891) (Theraphosidae). No presente estudo, os quatro gêneros não monotípicos de Pycnothelinae: Psalistopoides, Pycnothele, Rachias, Stenoterommata, como atualmente delimitados não constituem unidades monofíléticas. Todos os gêneros e espécies Neotropicais de Nemesiidae passam a pertencer a vi Pycnothelinae. Considerando as modificações taxonômicas a serem realizadas a partir destes resultados, Pycnothelinae será delimitada por 13 gêneros e 96 espécies Neotropicais. Neste estudo também é realizada a revisão do gênero Rachias. O gênero Psalistopoides é considerado sinônimo-júnior de Rachias por apresentar a região apical do êmbolo dilatada e em forma de colher (assim como em Rachias dispar Simon, 1891 e Rachias conspersus (Walckenaer, 1837)), quilhas fortemente pregueadas e maleáveis, número reduzido de cúspides nos enditos em ambos os sexos, lábio subquadrado e espermateca da fêmea formada por um domo, do qual projeta-se apenas um ramo para a região interna. A fêmea de R. dispar é descrita pela primeira vez, pois o paralectótipo fêmea redescrito por Raven, pertence a uma espécie nova de Acanthogonatus. O macho de R. conspersus é descrito pela primeira vez. A espécie, Pycnothele piracicabensis (Piza, 1938) é transferida de Pycnothele para Rachias, restaurando a combinação original. Rachias caudatus (Piza, 1939) é transferida para Stenoterommata, devido a presença de muitas cúspides no endito e por não apresentar quilhas pregueadas. As seguintes sinonímias são propostas: Stenoterommata maculata e Rachias virgatus Vellard, 1924 = R. conspersus; Psalistops nigrofemuratus Mello-Leitão, 1939 (transferida de Barychelidae para Nemesiidae) = Rachias fulvimanus (Mello-Leitão, 1934). As seguintes espécies foram consideradas válidas: R. dispar, Rachias aureus (Mello-Leitão, 1920), R. fulvimanus, Rachias emanueli (Lucas & Indicatti, 2006), Rachias brachythelus (Mello-Leitão, 1937), R. conspersus, Rachias dolichosternus (Mello-Leitão, 1938), Rachias piracicabensis, Rachias timbo Goloboff, 1995. Duas espécies foram consideradas nomina dubia: Rachias odontochilus Mello-Leitão, 1923 e Rachias iricolor (Mello-Leitão, 1923) (transferida de Hermacha). Duas espécies novas são propostas, Rachias parnaso sp. nov. para Teresópolis, Rio de Janeiro, e Rachias candianii sp. nov. para São Paulo, São Paulo, ambas para o Brasil. Rachias ocorre no sudeste e sul do Brasil, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina e no nordeste da Argentina, na província de Misiones.