Os santos reformados: hagiografia, santidade, doutrina e confessionalização no Livro dos Mártires de Jean Crespin (1548-1570)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rangel, João Guilherme Lisbôa lattes
Orientador(a): Oliveira, Yllan de Mattos lattes
Banca de defesa: Vainfas, Ronaldo lattes, Lima, Luis Filipe Silverio lattes, Rodrigues, Rui Luis lattes, Carvano, Patricia Souza de Faria lattes, Oliveira, Yllan de Mattos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10104
Resumo: A presente tese analisa o Livro dos Mártires, obra do impressor, nascido em Arras, mas erradicado em Genebra desde 1548, Jean Crespin. Ao longo de várias edições que vão de 1554 até 1570, Crespin reuniu uma série de notícias, panfletos, processos e documentos que apresentavam o martírio de protestantes perseguidos em regiões católicas por causa de sua fé. Amplamente acolhida, tal obra gozou de farta popularidade e serviu de modelo para a produção de outros martirológios entre os protestantes. Contudo, em razão do contexto disciplinar- confessional em curso na Genebra desse período, bem como o envolvimento estreito de Crespin com as questões teológico-reformadas, desde a primeira edição, foi se formando uma conexão entre os casos de martírio apresentados e a doutrina reformada vivenciada e aplicada na cidade. Assim, este trabalho procura correlacionar o tema da santidade encarnada nos mártires da obra, com a formação desse ambiente disciplinar resultado dos processos de confessionalização do período. Além disso, a pesquisa também investigou a possibilidade de compreensão do Livro dos Mártires como um discurso hagiográfico, apresentado no trabalho como hagiografia reformada. Tributários de uma tradição que vigorou ao longo de toda a Idade Média, mesmo com as críticas aos santos e a esse tipo de narrativa, considerada supersticiosa, defendemos que o discurso hagiográfico se manteve entre os protestantes, especialmente entre os reformados. Contudo, esse discurso hagiográfico este não permanece igual ao modelo medieval ou católico, mas foi reformado por Crespin em coerência com a sua própria confissão de fé e o seu espaço confessional. Portanto, o espaço confessional erigido em Genebra a partir de meados do século XVI, época de intensa atuação de João Calvino, impactou a doutrina e a atuação de impressores como Crespin, que mediante os casos de martírio, reformou o tema da santidade, bem como a escrita hagiográfica com seu Livro dos Mártires, que funcionava não apenas como material de propaganda, mas também material pedagógico acerca das doutrinas e da reforma genebrina.