Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Rodrigues, Rui Luis |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-06112012-092834/
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Resumo: |
Esta tese procura estudar as relações entre o humanismo erasmiano e os processos de confessionalização desenvolvidos no contexto da Europa ocidental a partir da década de 1530. Um dos pressupostos da investigação é a existência de grande distância entre as perspectivas de Erasmo, moldadas segundo as noções de minima dogmata (a definição de um conjunto de dogmas reduzido ao mínimo essencial) e de condescendência para com as diferenças secundárias de doutrina dentro da fé cristã, e a atitude que norteou os processos confessionais, assinalada pelo enrijecimento doutrinário e pela multiplicação de dogmas. Apesar dessa distância, o humanismo erasmiano foi elemento importante na configuração da atitude confessional, tanto pela centralidade que deu à pregação enquanto instrumento catequético, quanto pelo estímulo que proporcionou à abordagem filológica nos estudos bíblicos. Nesse processo frustrou-se o projeto da minima dogmata: a multiplicação de dogmas trouxe, também, a multiplicação das acusações de heresia. Esse resultado ambíguo nos ensina algo sobre as ambiguidades de Erasmo e do seu humanismo. Ambos encontravam-se num contexto de enormes mudanças em todas as áreas, mas ligavam-se profundamente a estruturas sociais e a formas de pensamento do passado. A luta de Erasmo contra a tirania, marcada pela defesa dos antigos privilégios dos ordines contra as intromissões da centralização política, representou uma apropriação criativa dos valores que caracterizaram, cento e cinquenta anos antes, o humanismo cívico florentino; mas se revelou também um programa desprovido de qualquer viabilidade. Como humanista, Erasmo procurava adequar o mundo ao livro (à sabedoria dos Antigos, somada à sabedoria da fé cristã); nesse processo, deu respostas inadequadas aos problemas de sua própria época. Situado num momento de contrastes, na confluência de dois mundos e pertencendo, por formação e por convicção, ao mundo que se dissolvia, o humanismo erasmiano nos ensina muito, tanto sobre as estruturas do mundo medieval em crise como sobre as novas realidades que despontavam. |