Bento de Espinosa: política liberal e ética libertina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Moreira Júnior, Miécimo Ribeiro lattes
Orientador(a): Silva, Walter Valdevino Oliveira lattes
Banca de defesa: Medeiros, Nelma Garcia de, Itokazu, Ericka Marie, Carvalho, Danilo Bilate
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13484
Resumo: O objetivo dessa dissertação é apresentar alguns raciocínios que apoiem a ideia de que existe, na filosofia de Bento de Espinosa, duas posturas filosóficas caracterizadas nas obras Tratado Teológico-Político e Ética. A postura do Tratado é fruto de um esforço cívico de secularização próprio ao século XVII. O principal objetivo da obra é promover a proteção institucional de certas liberdades, que identificamos como uma política liberal. A postura da Ética é própria de um esforço íntimo de elevação racional. Isso é fruto de um pensamento que vê o desejo como a própria essência humana e, por esses e outros motivos tais como a valorização do corpo, o monismo, a reflexão de valores e virtudes sem recorrer a transcendências, é identificado como uma ética libertina. O objetivo que orienta os três capítulos dessa dissertação é mostrar como essas duas obras articulam duas posturas filosóficas que não se separam dentro de um projeto de filosofia imanente. O primeiro capítulo situa o filósofo e sua obra dentro de um complexo contexto histórico e político, mostrando a situação delicada e o poder daquele período. O século XVII, especialmente na Holanda, foi um período de grande importância para a formação do pensamento político moderno. Para compreender essa importância, abordamos alguns fatores que influenciaram os livres-pensadores da época e a tensão entre eles e as autoridades religiosas. O segundo capítulo aborda alguns conceitos e raciocínios fundamentalmente extraídos dos primeiros livros da Ética. O desenvolvimento do terceiro capítulo depende da abordagem de alguns temas com o apoio da teia conceitual elaborada pelo filósofo. A crítica que Espinosa faz ao pensamento finalista foi o caminho escolhido para conduzir os raciocínios que serão apresentados. Para compreender essa crítica, desenvolvemos o conceito de potência, que é fundamental para a construção do pensamento imanente espinosista. Essa questão é muito relevante, pois encontramos em Espinosa a ideia de que a forma como a realidade é compreendida e organizada interfere na nossa potência de compreender os modos e, com isso, interfere no modo de proceder dos homens. O conceito de potência atravessa as discussões sobre ontologia e política de forma muito singular no pensamento espinosista. Tendo isso em vista, conduziremos a discussão acerca da potência para as questões do nível modal, ou seja, para a questão da perseveração como essência do modo finito homem e a teia afetiva à qual ele está submetido. O objetivo do terceiro capítulo é expor o que Espinosa apresenta ao final do Tratado Teológico-Político, que é onde ele apresenta de forma mais direta sua liberal proposta de condução política. Além disso, também direcionaremos nossa atenção aos livros IV e V da Ética. Primeiro, mostraremos a possibilidade de liberdade institucional enxergada pelo filósofo e, depois, mostraremos como a Ética aponta para um tipo de liberdade que não pode ser alcançada por outro meio que não seja o esforço individual de buscar conhecimento e virtude.