Efeito da sede intracelular nas respostas exploratórias e análogas a ansiedade em ratos: possível participação dos receptores AVPR1a e OTR.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Souza, Viviane Felintro de lattes
Orientador(a): Mecawi, André de Souza lattes
Banca de defesa: Mecawi, André de Souza, Rocha, Fábio Fagundes da, Borges, Danilo Lustrino
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11396
Resumo: A sede é uma sensação que induz a ingestão de água. Esse comportamento é essencial para a manutenção da vida, e os vertebrados recorrem a um conjunto de mecanismos neuro-humorais que regulam constantemente os teores de água e sódio corporais. Diferentes estímulos osmóticos, como privação de água e sobrecarga salina, desencadeiam a liberação de vasopressina (AVP) e ocitocina (OT) e, consequentemente, suas ações sistêmicas. Recentes estudos demonstraram que os neurônios paraventriculares vasopressinérgicos magnocelulares se projetam para regiões extraipotalâmicas, que incluem a habênula lateral e a amígdala central. Sendo assim, é possível que essas estruturas e neuropeptídeos também estejam envolvidos com as mudanças nos comportamentos análogos à ansiedade em condições de hiperosmolalidade. O objetivo deste estudo foi analisar o efeito da hiperosmolalidade induzida pela desidratação em comportamentos semelhantes à ansiedade e na expressão gênica de receptores para AVP e OT, bem como, enzima glutamato descarboxilase (GAD) e o transportador de glutamato vesicular (vGLUT) na amígdala e habênula. Para tanto, foram utilizados ratos Wistar (~ 300g) separados em cinco grupos: controle (CT), privação hídrica por 24 horas (PH24) e 48 horas (PH48) e sobrecarga salina com NaCl 1,8% por 24 horas (SS24) e 48 horas (SS48). Os grupos foram submetidos ao teste de campo aberto (CA) seguido pelo labirinto em cruz elevado (LCE), enquanto outro grupo de ratos foi submetido a caixa claro e escuro (CCE). Todos os testes foram realizados no período noturno. Para verificar a influência da desidratação na expressão gênica nós usamos RT-qPCR. Todos os dados são descritos como média ± erro padrão da média e a significância estatística foi estabelecida em p<0,05. A osmolalidade plasmática aumentou significativamente nos grupos PH48 (p=0,0039) e SS48 (p=0,0176) enquanto o hematócrito aumentou apenas no grupo WD48 (p=0,0003). No LCE houve aumento da porcentagem do tempo despendido nos braços abertos em PH48 (p=0,00124) e SS48 (p<0,0001), assim como, maior porcentagem de entradas nos braços abertos, PH48 (p=0,0143) e SS48 (p<0,0001), indicando uma resposta ansiolítica. Adicionalmente, a regressão linear demonstrou uma correlação diretamente proporcional entre a osmolalidade plasmática e o tempo de permanência nos braços abertos (p=0,0142; r=0,3631). No CA, nenhuma diferença foi observada, indicando que os animais não aumentaram a atividade locomotora espontânea. Já na CCE, apenas o grupo PH48 (p=0,0424) apresentou aumento no tempo de permanência na área clara. Em relação à expressão gênica, observamos aumento significativo na expressão do receptor para OT (p=0,0103) na amígdala central e para vGLUT2 (p=0,0430) na habênula, ambos no grupo PH48. Nossos dados demonstram que a hiperosmolalidade plasmática induzida por 48 horas de privação hídrica e sobrecarga salina desencadeia um comportamento ansiolítico em ratos, independentemente da atividade locomotora. Este comportamento ansiolítico é provavelmente essencial para a busca de água em animais desidratados e pode envolver a participação da sinalização da OT na amígdala central.