Fertilizantes de leguminosas: autossuficiência de nitrogênio em sistemas orgânicos de produção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Almeida, Maxwell Merçon Tezolin Barros lattes
Orientador(a): De-Polli, Helvécio lattes
Banca de defesa: Ribeiro, Raul de Lucena Duarte, Franco, Avílio Antônio, Santos, Ricardo Henrique Silva, Almeida, Dejair Lopes de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia
Departamento: Instituto de Agronomia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9962
Resumo: O aumento das preocupações da sociedade com o meio ambiente e com a qualidade de vida tem aumentado as demandas por sistemas agrícolas mais sustentáveis, como os praticados pela agricultura orgânica. Entretanto, não é possível exponenciar a agricultura orgânica mundial frente à finita disponibilidade de fertilizantes orgânicos. Fertilizantes de leguminosas – produtos derivados do corte, desidratação e moagem da biomassa aérea de leguminosas (Fabaceae) com elevado potencial de fixação biológica de N2, acúmulo de N e facilidade de manejo – são fontes promissoras de N para agricultura orgânica e, possivelmente, alternativas eficazes para substituição de fontes sintéticas de N. Esta tese esta organizada em três capítulos. No primeiro deles, foi avaliada a produção de mudas das leguminosas arbóreas mais cultivadas no mundo, gliricídia (Gliricidia sepium) e leucena (Leucaena leucocephala), inoculadas e não-inoculadas com fungos micorrízicos arbusculares (FMAs – Scutellospora heterogama e Glomus clarum), em bandejas de isopor, com substrato não-esterilizado. Parte dessas mudas foi utilizada em experimento de campo, instituindo bancos de leguminosas (25.000 plantas ha-1) destinados à produção de fertilizantes. Ao longo de 30 meses, foi avaliado o desempenho dos bancos de leguminosas, a importância do uso de mudas inoculadas com FMAs e o efeito de duas doses de fosfato de rocha, sobre a produtividade de biomassa aérea e o acúmulo de madeira nos troncos remanescentes no campo, abaixo da altura de corte (1,2 m de altura). Nos capítulos subsequentes, adubações com fertilizantes de gliricídia foram comparadas a adubações com ureia na produção de milho (Zea mays) e capim-citronela (Cymbopogon nardus). O objetivo foi avaliar o potencial desses fertilizantes em prover N às culturas, assim como os impactos das adubações sobre atributos de qualidade do solo. As mudas de gliricídia e leucena inoculadas com os FMAs apresentaram maior produção de matéria seca e acúmulos de N, P, Ca e Mg na parte aérea, comparativamente àquelas não-inoculadas, mostrando efetivo benefício da inoculação com os FMAs. A produtividade média dos bancos de gliricídia (20 Mg ha-1 ano-1 de matéria seca) foi significativamente superior (P < 0,05) a dos bancos de leucena (9 Mg ha-1 ano-1), não havendo efeito das doses de fósforo nem do uso das mudas inoculadas com os FMAs sobre a média anual das variáveis. Os bancos de gliricídia e leucena possibilitam produção concentrada de biomassa aérea a cada corte sem necessidade de replantio. Além disso, os troncos remanescentes no campo acumulam quantidade considerável de madeira, representando efetiva remoção de CO2 da atmosfera e matéria-prima potencial para diversos usos. Como fontes de N, os fertilizantes de gliricídia são capazes de substituir a ureia na provisão de N às culturas, com vantagens ambientais sobre a fonte sintética. Enquanto adubações com ureia acidificam e não promovem aumentos dos teores de C-total e N-total no solo, adubações com fertilizantes de gliricídia possibilitam aumentos significativos do pH e dos teores de C-total e N-total do solo. Além disso, as perdas de N por volatilização de amônia (NH3) das adubações com ureia são mais que o dobro das proporcionadas pelas adubações com fertilizante de gliricídia. Como recomendação prática, em uma primeira aplicação, o fertilizante de gliricídia pode ser dosado com o dobro da dose de N-ureia para que os mesmos níveis de produtividade sejam alcançados. Entretanto, em aplicações subsequentes as doses do fertilizante de leguminosa poderão ser reduzidas, em virtude da melhoria dos atributos de qualidade do solo.