Práticas, poder e perspectivas em reconstrução: um olhar sobre a trajetória da experiência agroecológica de Araponga, Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Mafra, Flávia Luciana Naves lattes
Orientador(a): Delgado, Nelson Giordano lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9537
Resumo: Este trabalho centra-se na análise da experiência agroecológica de Araponga, município da zona da Mata de Minas Gerais e, a partir do resgate de sua trajetória, procura entender em que medida esta experiência influencia a construção de acessos dos agricultores a diferentes recursos, materiais e não materiais. Procura também entender a importância destes acessos, dos arranjos em rede para a experiência e como tais processos contribuem para mudar relações de poder no âmbito local, tanto para os agricultores como para as organizações envolvidas nesta experiência. Da realização deste estudo de caso, das entrevistas com técnicos e agricultores, constatou-se que a experiência tem contribuído para a construção de três acessos principais: terra, mercado e poder público e que tais acessos são essenciais para o próprio desenvolvimento da experiência. A terra, como elemento mediador central das relações sociais no local é acesso prioritário para a sobrevivência dos agricultores e para a implementação da proposta agroecológica. Da junção de uma experiência autônoma dos agricultores de Araponga para acesso à terra denominada por eles de conquista de terras com a proposta agroecológica, observa-se uma resignificação da terra e dos recursos que ela oferece, bem como do próprio acesso que passa a ser mais do que a posse. A partir desta iniciativa, observam-se mudanças nas relações de poder, sobretudo no espaço da produção, mas também no âmbito das relações de mercado e da política, demandando também daqueles que estão envolvidos na experiência ações mais específicas nestas áreas. Assim, surgem iniciativas para conquistar melhor acesso ao mercado, tais como a criação, no município, do mercado da Associação dos Agricultores Familiares de Araponga ou estratégia para comercialização de café orgânico. Em relação ao acesso ao poder público local, os atores envolvidos na experiência desenvolvem ações com vistas a influenciar a elaboração e a implementação de políticas públicas, tanto no município como em outras instâncias do poder público. De tais articulações surgem mudanças nas relações de poder, tanto para agricultores (sobretudo no espaço da produção) quanto para os demais atores envolvidos na experiência. No entanto, estes ganhos desencadeiam novos conflitos que, para serem enfrentados, demandam o desenvolvimento de mais capacidades dos agricultores e maior intervenção dos mediadores. Em todo este processo, os vínculos construídos por meio da rede agroecológica e das microrredes que marcam as relações sociais no local desempenham papel importante dando apoio e agilidade para o desenvolvimento das estratégias adotadas na experiência. Um dos pontos fortes desta experiência está relacionado à integração entre as diferentes práticas e estratégias que potencializam a aplicação e a gestão de recursos, o processo de organização e a iniciativa como um todo.