Emissões acústicas de baleia-de-Bryde (Balaenoptera edeni) e de golfinho-comum (Delphinus sp.) na região do Cabo Frio, RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Figueiredo, Luciana Duarte de lattes
Orientador(a): Simão, Sheila Marino lattes
Banca de defesa: Savi, Marcelo Amorim, Gonzaga, Luiz Antonio Pedreira, Viola , Flavio Maggessi, Lodi, Liliane
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9160
Resumo: Quantificar o repertório acústico de uma espécie é etapa essencial para posterior definição de variação geográfica, funcionalidade e relevância comportamental de tais sinais. Para muitas espécies de cetáceos que frequentam a costa brasileira, essa é uma etapa ainda a ser cumprida. Tal é o caso da baleia-de-Bryde (Balenoptera edeni) e do golfinho-comum (Delphinus sp.) cujas vocalizações são conhecidas apenas para algumas regiões dos oceanos Pacífico e Atlântico Norte. O presente estudo objetiva descrever qualitativa e quantitativamente as vocalizações dessas duas espécies, a partir de gravações sonoras obtidas durante 96 saídas de campo realizadas na região do Cabo Frio, RJ. Um total de 143 min de gravação sonoras foi obtido na presença de baleia-de-Bryde e cinco tipos de vocalizações foram encontrados, após análise espectrográfica das gravações. Um tipo composto por uma série de pulsos discretos foi registrado na presença de um par mãe-filhote e possivelmente está ligada ao comportamento de interação adulto-filhote. Outros quatro tipos de vocalizações tonais foram registrados na presença de baleias solitárias, incluindo tipos com possível bifonação. Todas as vocalizações registradas apresentaram frequências abaixo de 1 kHz e duração inferior a 2 s, exceto a série de pulsos, cuja duração máxima ultrapassou os 7 s. Um total de 67 min de gravação foram obtidos na presença de um grupo de Delphinus sp.. Desta gravação foram selecionados 473 assovios, através da análise espectrográfica. Esses assovios foram analisados e classificados em 10 categorias e 75 tipos, baseado na forma de seus contornos. Também foi quantificada a presença de feições não lineares, tais como pulos de frequência, sub-harmônico, bifonação e caos determinístico, nesses assovios. A duração média observada nos assovios foi de 0,71 s (de 0,04 a 3,67 s) e as frequências variaram entre 3,05 e 28,04 kHz, com a maioria dos assovios ocorrendo entre 4 e 19,3 kHz. Comparando-se com os repertórios anteriormente descritos para o golfinho-comum, os assovios estudados ocupam uma faixa de frequência mais ampla e apresentam maior modulação de frequência. As feições não lineares foram observadas em 38,4% dos assovios analisados. Todos os quatro tipos de feições foram observados, porém pulos de frequência foram a mais frequente, estando presente em 29,75% dos assovios. Os resultados do presente estudo são uma primeira amostra das vocalizações de baleia-de-Bryde e de golfinho-comum em águas brasileiras e sugerem que as vocalizações dessas populações apresentam variações geográficas em relação às outras populações já estudadas. Também fornece mais uma evidencia de que as feições não lineares estão presentes nas vocalizações dos cetáceos, podendo, especialmente para os assovios, ser parte importante dessas vocalizações e possivelmente apresentar alguma significância na comunicação acústica desses animais.