Lugaridades topofóbicas na trajetória de Macabéa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Freitas, Rafael Alves de lattes
Orientador(a): Cardoso, Cristiane lattes
Banca de defesa: Cardoso, Cristiane lattes, Queiroz, Edileuza Dias de lattes, Silva, Adriana Carvalho lattes, Cavalcante, Tiago Vieira lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia
Departamento: Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/17665
Resumo: A pesquisa aqui desenvolvida nasce do diálogo da Geografia Humanista com o romance “A Hora da Estrela”, da escritora Clarice Lispector. Romance que apresenta a protagonista Macabéa, uma jovem nordestina de 19 anos, que sai do sertão alagoano em busca de uma nova vida na cidade do Rio de Janeiro. Contudo, a história dessa personagem, conforme defendemos nesta pesquisa, é marcada por um forte sentimento topofóbico (RELPH, 1979), uma vez que ela não se sente pertencente a nenhum lugar, uma verdadeira vida de miséria anônima. O romance denuncia a invisibilidade/alienação social de Macabéa, o que perpassa pelas questões de migração, habitação, trabalho, cultura e das relações humanas permeadas de conflitos, e são por essas questões que a topofobia vai sendo construída na trajetória da personagem. Assim, dizemos que Macabéa faz geografia encarnada pelo próprio movimento que realiza pelos lugares, em meio aos seus medos e conflitos existenciais, indo em direção ao que Dardel (2011) coloca como geograficidade. Nessa perspectiva, como consta do título – Lugaridades topofóbicas na trajetória de Macabéa – trata-se de uma pesquisa humanista/fenomenológica, afinal, a existência humana é a condição basilar para a geografia, visto que não existe lugar sem pessoas e pessoas são movidas por emoções, pela subjetividade de seus corpos e pela conformação de seus lugares, conforme Yi-Fu Tuan (1980; 1983; 1985) discute por meio de suas obras. Dessa forma, o objetivo central desta pesquisa é analisar as percepções do lugar a partir das experiências geográficas vividas pela personagem, demarcando a trajetória topofóbica de Macabéa no contexto em que ela se situa, tanto espacial quanto temporalmente no romance. Para tanto, a metodologia segue os preceitos da Geografia Humanista de cunho fenomenológico, assim como por meio da Análise Textual Discursiva - ATD (MORAES; GALIAZZI, 2016), para o processo de quebra e desconstrução do romance, em fragmentos, para a reconstrução de um outro texto, aqui pelo olhar da Geografia. E para esse processo metodológico, dividimos o romance em três partes, sendo – a primeira, momento em que Macabéa se encontra no sertão alagoano; segunda – momento em que Macabéa migra para a cidade do Rio de Janeiro e, a terceira parte – momento em que a nordestina procura a cartomante em seu desfecho. E assim, de posse da referida metodologia, o intuito é inferir do romance a intersubjetividade necessária para o entendimento das experiências geográficas vividas por Macabéa. Logo, esta pesquisa oferece como resultado, a partir da leitura do romance, o lugar topofóbico que foi sendo percebido, vivido e construído pela personagem, o que mostra um exemplo de uma obra literária, que embora não tenha compromisso com o real, pode nos auxiliar pela sua verossimilhança, visto que a literatura é uma forma do (a) autor (a) descrever o mundo. E aqui, pela Geografia, nos ajuda na investigação das lugaridades em que Macabéa transita, sendo marcadas pelo medo - de si, do desconhecido e do Rio de Janeiro. É um romance atemporal quanto às questões sociais, no tocante à migração de nordestinos, oportunidades de trabalho e exclusão social, o que justifica esta pesquisa aqui proposta, nos trilhos de uma Geografia Literária. Geografia essa que é um convite a todos que gostam de ler e que fazem da leitura uma prática investigativa para pensar e refletir sobre a realidade geográfica.