Marx visita a Monsanto: para pensar a questão agrária no século XXI

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Moreno, Camila
Orientador(a): Alimonda, Héctor Alberto lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11653
Resumo: Este trabalho trata de relacionar a emergência e o protagonismo dos movimentos camponeses no espaço de articulação mundial de construção de alternativas ao neoliberalismo, identificado no processo do Fórum Social Mundial (FSM). No discurso à globalização dos camponeses nesse contexto, o tema da oposição aos organismos geneticamente modificados (transgênicos) em sua introdução na agricultura tem servido de elemento catalisador e mobilizado outros movimentos e grupos da sociedade civil, para além do campo e do rural. Este efeito deve-se à caracterização política da introdução dessa tecnologia, lograda sobremaneira no discurso camponês em defesa dos territórios e da soberania alimentar dos povos e dos Estados nacionais frente ao controle do sistema agroalimentar mundial por algumas empresas transnacionais do setor, como no caso emblemático da soja transgênica, a Monsanto. Inserida no debate macro das negociações agrícolas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), do marco jurídico internacional de proteção da propriedade intelectual e dos riscos ambientais da contaminação genética dos ecossistemas, a oposição aos transgênicos na agricultura oferece um fio condutor para compreender a dinâmica de funcionamento do capitalismo hoje, onde a proletarização dos camponeses, com o controle genético e a privatização das sementes, serve de pedra de toque. Dessa forma, os transgênicos atualizam e ressignificam o núcleo de temas e problemas que ficou conhecido na tradição marxista como a Questão Agrária. Ainda, os movimentos camponeses reafirmam para a problematização teórica a centralidade do trabalho na apreensão das contradições da realidade, ressaltando a dimensão ecológica, na qualificação do processo produtivo que diretamente transforma a natureza, incluindo desde aí a crítica à ideologia do progresso tecnológico como dissociado de um projeto político. Esta imbricação é especialmente oportuna para recuperar Marx hoje, depurado do marxismo, buscando atualizar a perspectiva crítica da economia política em relação ao conceito contemporâneo de racionalidade ambiental, incorporando a dimensão da ecologia à política tanto como à economia. Nessa leitura, os movimentos camponeses estariam na vanguarda da contestação às estruturas de produção capitalistas hoje, bem como apontariam, na indissociabilidade entre ecologia e política, os rumos de construção de um projeto socialista para o século XXI.