Avaliação do mel como substrato para contaminação fúngica no ambiente da colméia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Marassi, Ana Cláudia lattes
Orientador(a): Rosa, Carlos Alberto da Rocha lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
mel
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11825
Resumo: O mel é um alimento produzido pelas abelhas a partir do néctar recolhido de flores e processado pelas enzimas digestivas desses insetos, sendo armazenado em favos em suas colméias para servir-lhes de alimento. A apicultura brasileira tem sofrido altas perdas de abelhas melíferas, devido a uma série de doenças que afetam as colméias, colocando-as sob risco. Muitas espécies de leveduras e fungos podem desenvolver-se na colméia utilizando o mel como substrato, como por exemplo, o gênero Aspergillus, importante por abranger espécies produtoras de micotoxinas e/ou patogênicas para as abelhas. A Cria Ensacada Brasileira (CEB) é uma doença com alto grau de mortalidade, caracterizada por morte na fase de pré-pupa ou pupa e que vêm ocorrendo na Região sudeste do Brasil. Sua etiologia é desconhecida, já que foi descartada qualquer semelhança com a Cria Ensacada Européia causada pelo Sac Brood Vírus (SBV), e com a intoxicação pelo pólen do Stryphnodendron polyphyllum, de nome vulgar barbatimão. Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar a contaminação fúngica em amostras de mel e crias de abelhas determinando assim relação com a ocorrência da CEB no ambiente da colméia, no Estado do Rio de Janeiro; 2) enumerar os propágulos fúngicos nas amostras de mel em favo, e de crias (pupas e pré-pupas) provenientes de apiários localizados em regiões acometidas pela CEB; 3) determinar a frequência e identificar a micobiota total; 4) identificar espécies fúngicas patogênicas para as abelhas; 5) caracterizar o perfil toxígeno de espécies isoladas do gênero Aspergillus. Um total de 43 amostras de mel e 43 amostras de crias (larvas e pupas) foi adquirido em apiários localizados nos municípios de Barra do Piraí, Mendes e Itaipava (áreas endêmicas). As coletas ocorreram nos meses correspondentes ao período pré, e trans - doença (baseado nos dados dos últimos surtos). A análise da micobiota foi feita pelo método de diluição em placa sobre os meios de cultivo dicloran rosa bengala cloranfenicol agar (DRBC) e dicloran glicerol 18% agar (DG18). As contagens fúngicas totais foram expressas em ufc g-1. Foram determinadas o número de amostras e a freqüência de isolamento (%) dos gêneros fúngicos e a densidade relativa das espécies. A determinação do perfil toxígeno dos fungos foi feita através da técnica de cromatografia em camada delgada (CCD). Os valores de contagens fúngicas totais foram similares em ambos os meios DRBC e DG18, para as amostras de crias. As maiores contagens foram observadas em amostras de mel em favo, com 7,7 x 104 ufc g-1 em meio DRBC e 5,9 x 104 ufc g-1 em meio DG18. Aspergillus, Penicillium e Cladosporium foram os gêneros mais freqüentemente isolados tanto no mel em favo, quanto nas crias. Aspergillus niger, A. flavus e Penicillium citrinum apresentaram as maiores densidades relativas no mel e nas crias. Na análise em CCD para os fungos isolados no mel em favo, não foram observadas cepas positivas para as espécies isoladas do gênero Aspergillus. Dentre as cepas analisadas na micobiota das larvas, há presença de cepas positivas para o perfil toxígeno de A. flavus nas amostras de Barra do Piraí e Itaipava. Para as cepas produtoras de ocratoxinas, o resultado foi de 100% negativas para todos os locais estudados. Os fungos encontrados neste estudo podem estar relacionados às perdas apícolas no estado do Rio de Janeiro, porém não apresentam aparente relação direta com a CEB. Contudo, mais estudos são necessários para identificação da micobiota do mel e das crias, correlacionando às espécies possíveis produtoras de micotoxinas com a micobiota presente nos substratos, promovendo assim o auxílio acerca da etiologia da CEB neste estado.