Análises filogenética, morfológica e química de Zygosaccharomyces associados a abelhas sem ferrão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Paula, Gabriela Toninato de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60138/tde-01072021-153439/
Resumo: Insetos sociais são conhecidos por estabelecerem simbiose com micro-organismos. Suas colônias fornecem microambientes adequados para o crescimento microbiano, como condições ambientais estáveis e uma rica fonte de alimento. Em troca, os insetos podem ser beneficiados com nutrientes e/ou proteção contra patógenos. No entanto, pouco se conhece sobre esse tipo de interação mutualística envolvendo abelhas. Apenas recentemente foi descrita uma interação simbiótica entre a abelha sem ferrão Scaptotrigona depilis e o fungo Zygosaccharomyces sp. Esse fungo cresce no interior das células de cria de S. depilis e é ingerido pelas larvas, sendo indispensável para a sobrevivência e desenvolvimento das mesmas. Isso se deve à capacidade que o fungo tem de acumular lipídeos em adipossomos, dentre eles o esteroide ergosterol, que é utilizado pelas larvas de S. depilis durante seu processo metamórfico. No presente estudo, o objetivo foi verificar se o mesmo fenômeno também ocorre em outras espécies de abelhas sem ferrão. Objetivou-se verificar se há a presença de fungo-alimento simbionte e se o mesmo é fonte de esteroides para o desenvolvimento larval. Para isso, foram obtidas amostras da célula de cria de 19 espécies de abelhas sem ferrão pertencentes a 12 gêneros diferentes. Foi possível isolar Zygosaccharomyces spp. de oito espécies. Além das células de cria também foi possível obter Zygosaccharomyces spp. de outras partes da colônia, como mel, pólen, inseto adulto e refugo/lixo, o que possibilitou fazer análises comparativas. As análises de imagem por microscopia óptica demonstraram que as linhagens de Zygosaccharomyces spp. isoladas das células de cria são capazes de formar pseudo-hifas enquanto os demais isolados de outros locais da colônia apresentam apenas células esféricas e/ou ovóides. Adicionalmente, com os dados do sequenciamento genético das regiões D1/D2 do gene 26S e 18S do rRNA foram obtidas três árvores filogenéticas. Nelas, foi possível observar a formação de um subclado constituído apenas pelas linhagens de Zygosaccharomyces spp. isoladas das células de cria de diferentes espécies de abelhas sem ferrão. Esses resultados ressaltam a especificidade desse fungo para esse sistema envolvendo as abelhas sem ferrão. A análise de esteroides e quantificação de ergosterol através de GC-MS foi realizada para as linhagens identificadas como Zygosaccharomyces spp., isoladas da célula de cria e de outros locais da colônia, como também de outros fungos filamentosos isolados esporadicamente das células de cria de algumas abelhas. Os dados de GC-MS demonstraram que não há um padrão diferenciado na concentração desse esteroide entre as linhagens. Os resultados obtidos indicam que a associação de Zygosaccharomyces parece ser uma interação simbiótica frequente em abelhas sem ferrão. A determinação da associação desses micro-organismos nesse sistema fornece subsídios para estudos adicionais quanto ao uso de fungicidas na agricultura, uma vez que estes podem afetar indiretamente o desenvolvimento dessas abelhas.