Processos de transição agroecológica: ecologia de projetos - uma abordagem pragmática, sistêmica e territorial na Região Serrana Fluminense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Palm, Juliano Luís lattes
Orientador(a): Schmitt, Claudia Job lattes
Banca de defesa: Schmitt, Claudia Job, Fernandez, Annelise Caetano Fraga, Carneiro, Maria José Teixeira, Porto, Marcelo Firpo de Souza, Niederle, Paulo André
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9491
Resumo: Ancorado em pesquisa com base empírica na Região Serrana Fluminense, especialmente nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, o estudo busca analisar a diversidade de projetos de ambientalização da agricultura em curso nesse território, examinando seus desdobramentos ao longo do tempo e suas contribuições na promoção de processos de transição agroecológica. Em termos teórico-metodológicos, a tese se propõe a enfrentar os desafios que emergem a partir do diálogo estabelecido entre uma abordagem sistêmica, que busca pensar a transformação dos sistemas produtivos sob um enfoque multidimensional e uma perspectiva pragmática, que toma como foco os atores, seus contextos, interações e experiências. Utilizando-se da noção de sistemas agri-alimentares territoriais, a pesquisa apresenta uma leitura longitudinal da configuração que se tornou predominante nesta porção do espaço agrário fluminense, bem como das iniciativas socioprodutivas que buscaram, em diferentes momentos no tempo, se contrapor às formas de organização da agricultura implantadas na região. O caminho percorrido por essas experiências na crítica à chamada agricultura convencional é analisado considerando tanto os projetos individuais e familiares, como a trajetória das organizações sociais. Lançando mão da noção de ecologia de projetos, a investigação procurou compreender como as diferentes iniciativas de ambientalização da agricultura se desdobram no tempo e no espaço, no esforço por ampliar suas margens de manobra nesses processos de transição agroecológica territorialmente situados. Mobilizando abordagens teóricas oriundas do campo da geografia, que buscam pensar os territórios sob uma perspectiva relacional, o trabalho procurou identificar, ao mesmo tempo, as contenções que estas formas dominantes de organização da agricultura e do sistema agri-alimentar impõem aos processos de transição agroecológica, condicionando a atuação tanto dos indivíduos como das organizações. Especial atenção foi dedicada, também, às interações estabelecidas entre instrumentos de intervenção governamental e as configurações assumidas pelo sistema agri-alimentar territorial. Observa-se, de um lado, a presença de programas e ações públicas que acabam reproduzindo, em sua implantação, os modos de organização característicos da chamada agricultura convencional, como também a emergência de iniciativas governamentais, desenvolvidas, muitas vezes, em parceria com organizações da sociedade civil, que buscam promover processos de ambientalização da agricultura compreendidas, aqui, como projetos institucionais. A metodologia adotada no desenvolvimento dessa pesquisa envolveu análise documental, entrevistas semiestruturadas voltadas à reconstituição das trajetórias tanto de indivíduos como de organizações e observação participante. É possível constatar, no decorrer dessa trajetória, a vitalidade do tecido vivo de relações constitutivo dessas experiências, com um aumento nas últimas décadas do número de produtores orgânicos, uma crescente inserção desses agricultores em diferentes mercados, bem como uma coexistência entre distintos projetos de transição e modalidades de crítica à agricultura convencional. Percebemos que duas propostas ou projetos foram ganhando maior expressão nos últimos anos: a construção de mercados em articulação aos processos de certificação participativa em agricultura orgânica e a promoção de práticas e tecnologias sustentáveis entre agricultores familiares predominantemente articulados a produção de hortaliças em sistema convencional.