Influência da microbiota e dos patógenos de carrapatos na ação de fungos entomopatogênicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Emily Mesquita da lattes
Orientador(a): Gôlo, Patrícia Silva lattes
Banca de defesa: Gôlo, Patrícia Silva, Peixoto, Maristela Peckle, Klafke, Guilherme Marcondes, Fernandes, Éverton Kort Kamp, Oliveira, Pedro Lagerblad de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9716
Resumo: Estudos acerca do uso de fungos entomopatogênicos no controle biológico de carrapatos demonstram alta eficácia, no entanto não é sabido qual a importância da microbiota desse artrópode na ação fúngica. Além disso, o papel da presença de patógenos transmitidos por carrapatos no momento do tratamento fúngico ainda é desconhecido. Portanto, a presente tese teve como objetivo: avaliar a influência da microbiota de Rhipicephalus microplus para sua sobrevivência sob ação de Metarhizium anisopliae; avaliar composição e diversidade de bactérias no intestino de R. microplus após tratamento com M. anisopliae; além de analisar se a administração de antibiótico é compatível com uso de fungos entomopatogênicos. Além disso, utilizando o modelo de Ixodes scapularis e Borrelia burgdorferi fez-se como objetivo comparar a sobrevivência e ingurgitamento de I. scapularis infectado ou não com B. burgdorferi após tratamento com M. anisopliae; analisar a respostas imune dos grupos citados anteriormente pela expressão da molécula adaptadora Myd88 em receptores “Toll-like”; avaliar a colonização de B. burgdorferi em carrapatos tratados ou não com M. anisopliae através da expressão do gene flaB; investigar a influência da coinfecção de B. burgdorferi e M. anisopliae na microiota de I. scapularis pela expressão do gene 16S. Para os testes com R. microplus, fêmeas parcialmente ingurgitadas foram retiradas do corpo de um bezerro e alimentadas artificialmente com sangue do mesmo animal. A administração de tetraciclina foi realizada adicionando o antibiótico ao sangue na alimentação, formando assim quatro grupos: fêmeas alimentadas apenas com sangue bovino puro (C) e sangue + tetraciclina (T); e dois outros grupos que receberam a mesma dieta, apenas sangue ou sangue+tetraciclina, porém cada um destes grupos foi tratado topicamente com M. anisopliae LCM S04 (F e T+F, respectivamente). Para os estudos com I. scapularis, ninfas infectadas ou não com B. burgdorferi foram inoculadas com M. anisopliae ARSEF 549. Os primeiros ensaios foram realizados avaliando a sobrevivência das ninfas após exposição ao fungo; nos ensaios seguintes as ninfas estiveram em contato com camundongos para se alimentarem ad libitum. As ninfas alimentadas foram pesadas e dissecadas, e o RNA dos intestinos foi extraído e transformado em cDNA para análise dos genes. A administração de tetraciclina em fêmeas de R. microplus não alterou a sobrevivência dos carrapatos. Ainda, a alteração na microbiota e o uso de antibiótico não prejudicaram a ação fúngica, e ambos os grupos tratados com M. anisopliae apresentaram curvas de sobrevivência similares. O grupo (T+F) teve a composição bacteriana com maior diversidade. A inoculação de M anisopliae em I. scapularis infectados ou não com B. burgdorferi não foi diferente entre si; o ingurgitamento das ninfas de I. scapularis não foi afetado pelo tratamento fúngico em carrapatos infectados ou não com B. burgdorferi. A expressão relativa do gene flaB associado a colonização de B. burgdorferi nas ninfas se manteve similar com ou sem tratamento fúngico, ainda entre os mesmos grupos, o número de bactérias através da expressão relativa do gene 16S não foi alterada após tratamento com M. anisopliae; contudo as ninfas infectadas com B. burgdorferi apresentaram maior expressão relativa do gene Myd88. Assim, os resultados demonstrados aqui reiteram a necessidade de mais estudos relacionados as múltiplas interações entre carrapatos, os patógenos transmitidos por eles e fungos entomopatogênicos, com o objetivo de entender a complexidade para pensar em programas de controle biológico eficientes.