Desafios e facilitadores da comunicação de más notícias na prática médica e contribuições potenciais da Psicologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Nascimento, Anna Tharyne de Almeida lattes
Orientador(a): Borges, Lilian Maria lattes
Banca de defesa: Borges, Lilian Maria, Souza, anderson Fernandes de, Hildebrandt, ernanda Martins Pereira
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Instituto de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19223
Resumo: As habilidades comunicativas são essenciais para uma adequada interação dos médicos com usuários, familiares e outros membros da equipe multiprofissional. Nesse contexto, a comunicação de más notícias impõe desafios específicos, na medida em que tende a gerar ansiedade, temores e reflexões sobre a finitude e o sentido da vida. Este estudo descritivo teve como objetivo investigar os processos de comunicação de más notícias na prática médica, em âmbito hospitalar, conforme as percepções e vivências de médicos de diferentes especialidades. Para tanto, contou-se com a participação de 30 médicos atuantes em hospitais dos setores público e privado do estado do Rio de Janeiro, que foram convidados a responder, de modo online ou presencial, a um questionário autoadministrado. Os dados obtidos foram tratados por meio da análise estatística descritiva. Verificou-se que 56,6% dos médicos exerciam suas atividades profissionais no setor de Urgência e Emergência e que as más notícias mais comumente comunicadas eram óbitos de adultos, seguido de diagnóstico de doença grave ou temida e resultados desfavoráveis de exames médicos. Em sua maioria, os respondentes afirmaram não realizar discussões e planejamento em suas equipes de trabalho quanto ao processo de comunicar más notícias e não seguir protocolos com esta finalidade. As principais dificuldades apontadas como prejudiciais a este tipo de comunicação foram o pouco tempo disponível e aspectos relacionados ao paciente e familiares, sobretudo falta de informações prévias e reações emocionais negativas. As notícias consideradas mais desafiadoras foram informar o óbito de crianças ou adolescentes e o diagnóstico de uma doença grave ou temida. Dezenove médicos afirmaram se sentir razoavelmente preparados para o ato de comunicar notícias difíceis, mas 14 dos participantes disseram que fornecer estas notícias os afetava emocionalmente. Suas dificuldades principais no cumprimento dessa tarefa eram discutir questões de fim de vida e lidar com os próprios sentimentos de impotência. As estratégias avaliadas como facilitadoras nesse processo de comunicação foram ser empático e acolhedor e receber treinamento prévio. A maior parte dos médicos relataram já ter contado, de modo frequente ou escasso, com o apoio de psicólogo(a)s no contexto de comunicação de notícias temidas, sendo que 86,6% acreditavam que a colaboração destes profissionais deveria ocorrer posteriormente ao anúncio da informação. O estudo evidenciou a importância de se conhecer as dificuldades dos médicos frente às exigências e à complexidade da comunicação de más notícias para subsidiar cursos de capacitação profissional na área, de modo a amenizar os impactos negativos das informações que, embora indesejadas, são parte da rotina hospitalar.