Espaço corporificado: uma perspectiva queer em fractal sobre a geografia da escola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sousa, Victor Pereira de lattes
Orientador(a): Oliveira, Anita Loureiro de lattes
Banca de defesa: Oliveira, Anita Loureiro de lattes, Giordani, Ana Cláudia Carvalho lattes, Oliveira, Thiago Ranniery Moreira de lattes, Arruzzo, Roberta Carvalho lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia
Departamento: Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/17630
Resumo: Compreender o queer como uma dimensão experimental do mundo e uma plataforma política vai muito além de cerceá-lo às questões de gênero, sexualidades, raça, estudos LGBTI+ e feminismos. Tal movimento nos permite compreender que a queeridade da vida não se deixa aprisionar, constituindo-se pelo desmoronamento, pela indeterminação e por seus movimentos aberrantes, não podendo ser reduzido aos corpos humanos. Pensar o queer dessa forma exige um esforço contínuo de especulação de vida, perturbando as fronteiras de tudo que tenta delimitá-la. Ancorada nesta direção, a presente dissertação de mestrado busca pensar o queer em um constante movimento fractal. Porém, o fractal não vem propriamente da forma como é trabalhado pela Física teórica, mas sim como uma forma de pensamento poético, de inspiração filosófica, tal como desenvolvida pela feminista do pensamento radical negro Denise Ferreira da Silva. Aqui, a fractalidade surge como uma possibilidade de romper com a linearidade do tempo e da concepção do espaço como um simples palco de acontecimentos. Além disso, ao ser trabalhada juntamente aos estudos queer, a fractalidade nos permite a compreensão de que gênero, raça, sexualidades, geopolítica e classe constituem isso que chamamos de corpo. Portanto, o argumento geral desta pesquisa defende que a perspectiva queer em fractal é uma chave de leitura, uma forma de compreender como essas problemáticas estão relacionadas aos processos de produção do espaço e do corpo. Para isso, partirmos do pressuposto de que o espaço é produzido. Contudo, tais processos produtivos – do corpo e do espaço – não devem ser compreendidos como um único processo de produção, mas sim como processos interdependentes que se constituem simultaneamente, onde não há nem um corpo e nem um espaço pré-existentes. A perspectiva queer em fractal nos faz perceber que tais processos produtivos sofrem interferência direta do processo de produção da diferença, que ecoa tanto pelo espaço quanto pelo corpo, de forma material ou não. Nesse emaranhado de processos produtivos, a existência acaba por ser considerada um fator geográfico, já que, mais do que estar, a diferença constitui o espaço. Essa complexa equação acaba por reverberar em um outro processo produtivo: o da vida. Para tanto, essa dissertação configura um esforço teórico a fim de buscar tornar mais inteligível isso que é chamado de espaço corporificado, recorrendo a um imageamento criativo que não renuncia à imaginação como instrumentalidade de produção do conhecimento. A geografia da escola irrompe, nesse exercício teórico imaginativo, como uma proposta conceitual de repensarmos o que estamos chamando de espaço escolar, problematizando o espaço como simples adjetivo atribuído à escola. Ao duvidar do método, a presente pesquisa utiliza-se do ensaio como uma forma de materializar o experimento de pensamento nas palavras que constituem essa dissertação. Ao reviver memórias e compartilhar experiências, as histórias trazidas para essa pesquisa demonstraram como o espaço escolar também é um espaço de produção de vida, não podendo ser reduzido meramente a um espaço de reprodução da violência. E, neste sentido, ao recusar tal redução, as histórias corporificam o espaço escolar, expondo a escola como um problema geográfico, por meio de uma geografia da escola. Por fim, esta dissertação defende ser fundamental que o trabalho com as diferenças na escola seja construído sem as amarras da separabilidade, superando a ideia de igualdade e oportunizando outros horizontes para que a escola possa seguir sendo entendida como um espaço corporificado.