O que seis anos de marcação-recaptura revelam sobre a população de boto-cinza da parte oeste da Baía da Ilha Grande, litoral sul do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Espécie, Mariana de Assis lattes
Orientador(a): Simão, Sheila Marino
Banca de defesa: Simão, Sheila Marino, Lopes, Paulo César Simões, Barreto, André Silva, Nogueira, Denise Monnerat, Ferreira, Ildemar
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9159
Resumo: Esta tese reúne os resultados obtidos através da técnica de foto-identificação durante seis anos de monitoramento da população de boto-cinza (Sotalia guianensis, Van Bénéden, 1864) que habita a parte oeste da Baía da Ilha Grande, litoral sul do Estado do Rio de Janeiro. Ao todo, 666 indivíduos foram catalogados, sendo que 47% (n = 249) dos botos classificados como residentes foram vistos em intervalos de tempo superiores a cinco anos, ressaltando a elevada fidelidade da espécie ao local. Os seis indivíduos que apresentaram os maiores índices de fidelidade, identificados como fêmeas por um estudo conduzido em paralelo a este, tiveram suas áreas centrais de atividade restritas a uma pequena área, que variou de 0,14 a 1,71 km2, localizada no entorno da Ilha Comprida. Estimativas geradas através do desenho robusto de Pollock evidenciaram a ocorrência de emigração temporária na população. No intuito de buscar a melhor caracterização da população estudada, os períodos primários foram definidos numa base anual e sazonal ( este último considerando o período de chuvas na região). Em ambas escalas temporais consideradas, o padrão de movimentos dos botos-cinza da área de estudo parece seguir o modelo Markoviano, com variação temporal na probabilidade de emigração temporária e constância na probabilidade de estar fora da área de estudo. Dessa forma, fica ressaltada a filopatria da espécie ao local numa escala anual e uma maior flexibilidade de seu uso numa perspectiva sazonal. A sobrevivência anual aparente foi estimada em 0,92 (± 0,02). De acordo com a ponderação dos modelos do desenho robusto, a abundância anual, incluindo a proporção de indivíduos marcados da população, ficou estimada entre 420 e 757 indivíduos. A área de vida da população foi pequena (kernel 95% = 39,8 km2), com seus centros de atividades restritos ao entorno das ilhas Comprida e do Cedro (kernel 50% = 8,8 km2), havendo diferenças estatisticamente significativas nos tamanhos das áreas entre as estações seca e chuvosa. Embora a população tenha apresentado tendência a uma estabilidade ao longo dos seis anos de estudo, observou-se por meio da construção de cenários, que, caso as taxas de mortalidade atuais sejam mantidas, a população poderá ser reduzida à metade nos próximos 100 anos. Em um prognóstico mais pessimista, caraterizado pela piora nas condições ambientais locais e aumento da pressão de pesca, os botos poderão ser localmente extintos dentro do mesmo período. Neste contexto, a adoção de medidas que visem reduzir a taxa de mortalidade desses animais deve ser incentivada para proteger a espécie. As simulações indicam que tais medidas poderiam promover o crescimento da população ou, minimamente, mantê-la estável. Sendo assim, espera-se que os resultados deste monitoramento sirvam de base para o processo de tomada de decisão, mediante uma proposta preventiva, considerando o estabelecimento de uma unidade de conservação para a espécie na região.