A tribo Attini (Formicidae: Myrmicinae) como modelo de guilda bioindicadora e sua relação com fatores de microhabitat na Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Souza, Guilherme Orsolon de lattes
Orientador(a): Nunes, Antonio José Mayhé lattes
Banca de defesa: Brasil, Ana Claudia dos Santos, Brandão, Carlos Roberto Ferreira, Delabie, Jacques Hubert Charles, Santos, Sonia Barbosa dos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9171
Resumo: Sabendo-se das múltiplas funções e da alta diversidade em ambientes neotropicais, percebemos a necessidade de análises que fossem ao mesmo tempo quantitativas e comparativas, mas que também pudessem ser feitas de forma qualitativa, ou seja, que os dados fossem trabalhados de forma a se potencializar as análises extraindo mais informações relevantes, reduzindo o tempo de processamento em laboratório campo (através da utilização de protocolos de coleta estruturados), sem perder qualidade e confiabilidade dos dados. Dessa forma, desenvolvemos o estudo sobre a formicifauna de restinga sob a óptica de uma escala temporal reduzida, mas ampliando e potencializando as análises sobre os dados. Em Formicidae encontra-se uma tribo que apresenta uma característica peculiar em relação a todas as outras formigas, o hábito de cultivar fungos para alimentação. Contudo, os estudos sobre Attini se apresentam focados em espécies com importância econômica e, por conseqüência, com baixa eficiência amostral, privilegiando apenas algumas espécies. A relação formiga – fungo é uma característica indissociável desta tribo, permitindo aos estudos que visaram biologia e comportamento de formicideos convergirem para caracterizar claramente Attini como uma guilda. Nesta perspectiva, o presente estudo foi separado em quatro capítulos que visaram desenvolver desde a verificação de padrões e estrutura da comunidade de formigas através de guildas tróficas, uma proposta de coleta e análise específica para a guilda cultivadora de fungos até a relação da comunidade de formicideos com fatores de microhabitat e macronutricionais do solo da Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro. Mais especificamente, o Capítulo 1, “A comunidade de formicideos de serapilheira através de guildas e modelos nulos: observações em pequena escala temporal para a Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro”, trata da investigação sobre possíveis padrões para a comunidade de formigas de serapilheira de restinga, quando sua classificação é realizada através de guildas. Se a composição de formigas se apresenta através de padrões não aleatórios e as guildas estão estruturadas, seria possível estruturar esta comunidade através das guildas? Ou ainda, as guildas poderiam refletir padrões ecológicos gerais? Para tanto, no Capítulo 2, “Estrutura e composição da comunidade de formigas da Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro: as partes (guildas) refletem os padrões encontrados para o todo (comunidade)?”, propusemos analisar a estrutura da comunidade de formigas de serapilheira de restinga a partir da seguinte proposta: as guildas separadamente (principalmente a cultivadora de fungos), associadas a uma escala temporal pequena (possíveis variações nas estações do ano), refletem padrões gerais da comunidade de formicideos? Em outras palavras, uma guilda bem caracterizada como as cultivadoras de fungos seria capaz de responder as estas mesmas análises em ambientes distintos? Assim, seria necessária uma técnica de amostragem eficiente e específica para este grupo e realizada através de protocolos de coleta padronizados para potencializarmos seus registros, sem perder a confiabilidade dos dados. Para este caso, desenvolvemos o Capítulo 3, “A tribo Attini (Formicidae: Myrmicinae) reflete parâmetros ecológicos como riqueza, abundancia e diversidade de espécies encontradas para comunidades de formigas?”. Neste aspecto, avaliamos e eficiência da armadilha de queda adaptada para captura de formigas Attini em dois ambientes distintos da Restinga da Marambaia (Floresta de Cordão Arenoso – FCA e Herbácea Fechada de Cordão Arenoso vii HFCA) e se os registros desta tribo são suficientes para refletirem parâmetros ecológicos como riqueza, abundancia e diversidade de espécies encontrados para a comunidade de formigas. Aplicamos uma proposta para armadilhas de queda adaptadas para Attini e comparamos com os dados publicados sobre armadilhas de queda tradicionais. Para complementar a análise, incluímos dados qualitativos verificando comparativamente a estrutura da comunidade de formigas através de três matrizes: toda comunidade registrada, apenas formigas Attini e apenas formigas não Attini capturadas nas armadilhas de queda adaptadas. Uma nova pergunta surgiu a partir desta observação, ou seja, fatores de microhabitat (como a serapilheira) têm influencia sobre a abundância das espécies de formigas em ambientes de restinga? E ainda mais, como a serapilheira é um componente ambiental fadado a decomposição e, por conseqüência, diretamente relacionada ao retorno de nutrientes ao solo, existiria relação entre macronutrientes do solo e a abundancia de formigas de serapilheira? Estes questionamentos foram verificados no Capítulo 4, “Relação entre a composição de formigas (Hymenoptera: Formicidae) e fatores de microhabitat e macronutriente do solo para Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro”, no qual relacionamos a fauna de formigas coletadas por extratores de Winkler a fatores de microhabitat mais comumente utilizados na literatura, e também aos macronutrientes do solo para verificar possíveis relações. Como conclusão, a composição da formicifauna de restinga respondeu a classificação em guildas tróficas apresentando-se de forma estruturada, através de padrões não aleatórios. Esta estrutura pode ser devido à segregação das espécies a cada metro quadrado de serapilheira amostrado, provavelmente quando ao explorar uma fonte alimentar, uma espécie exclui outra deste recurso. A aplicação do modelo de guildas permitiu uma visão mais qualitativa da comunidade de formigas. Se cada uma das nove guildas representa um nicho ecológico diferente, na Restinga da Marambaia eles estão ocupados. Contudo, outros nichos também estão presentes, indicados por espécies arborícolas (representadas pelos gêneros Chephalotes, Crematogaster e Pseudomyrmex). Os padrões gerados pela comunidade de formicideos de serapilheira de restinga foram refletidos por pelo menos três guildas, sendo uma delas a cultivadora de fungos. Possivelmente, isto ocorreu devido à grande diversidade taxonômica e ecológica das formigas de restinga, mesmo em uma escala temporal pequena. Tanto a composição de Attini quanto as não Attini refletiram o padrão encontrado para a comunidade total. Attini pode ser uma guilda utilizável quando se dispuser de pouco tempo para o processamento de dados, ou para estudos que sejam específicos para esta tribo. Aparentemente, fatores de microhabitat, como a serapilheira, podem influenciar a ocorrência e a abundancia das formigas de serapilheira de restinga. A disponibilidade de macronutrientes no solo de restinga também pode estar relacionada à composição e a abundancia de formigas.