Experiências vividas por filhas ouvintes e pais surdos: uma família, duas línguas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos Filho, Pedro Luiz dos
Orientador(a): Passeggi, Maria da Conceição Ferrer Botelho Sgadari
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31273
Resumo: O objetivo desta tese foi investigar a experiência vivida por uma família com Coda, constituída por pais surdos e duas filhas ouvintes, nos processos de interação no cotidiano. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada na perspectiva dos estudos (auto)biográficos, segundo Ferrarotti (1988); Josso (2007; 2010); DeloryMomberger (2008); Passeggi (2010; 2014). O levantamento e a construção dos dados foram realizados em 2018 e 2019, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. Contamos com a colaboração de uma família com Codas, que nos concederam entrevistas sobre as experiências vividas em contextos familiar e social. Os critérios para a escolha dos participantes foram a composição familiar e por serem falantes da Libras como língua natural, utilizada no seio familiar. Como procedimento metodológico de recolha e análise das fontes, recorremos à entrevista narrativa proposta por Jovchelovitch e Bauer (2014). Pela diversidade das questões envolvidas, o arcabouço teórico aborda a constituição familiar e interação entre pais surdos e filhas ouvintes. Nesse sentido nos apoiamos em Vygotski (1991); Quadros (2017); com relação ao conceito de língua de sinais em Ferreira Brito (1998); Quadros; Karnopp (2004). Sobre o conceito de família, nos inspiramos em Ariès (1986); Romanelli (2016) e quanto à cultura em Tylor (1920); Laraia (2001); Hall (1997). No que concerne à Cultura Surda nos apoiamos em Skliar (1998); Strobel (2009), quanto ao Bilinguismo em Macnamara (1967); Grosjean (1994) e ao Bilinguismo Bimodal, em Tussi; Ximenez (2010); Quadros (2017). As análises permitem destacar como resultados: a) a utilização das duas línguas de maneira híbrida no seio familiar; b) a prevalência do uso de Libras pela primeira filha, revelando períodos de adesão e de resistência; c) enquanto a filha mais velha destaca a centralidade da Libras nas interações familiares e sociais, por outro lado, as narrativas da filha mais nova priorizam a utilização da Língua Portuguesa nos espaços cotidianos na comunicação com os pais, inclusive nos espaços de Libras. d) processo de ressignificação da relação dos pais surdos com as filhas ouvintes em diferentes momentos históricos relacionados aos direitos da acessibilidade profissional. Concluímos que a família com Coda é bilíngue por se inserir em duas comunidades linguísticas e interagir em duas línguas. A diversidades das experiências familiares se traduzem em experiências culturais diversificadas vivenciadas entre surdos e ouvintes no contexto familiar e social, apontando para o uso diversificado da Libras e da Língua Portuguesa (oral e escrita), impulsionadas pela diversidade de ideias, valores, crenças existentes entre pais surdos e filhas ouvintes, que utilizam línguas distintas, mas em tempos diversos (infância, adolescência, adultez), mesmo se vivem no mesmo espaço.