O enfrentamento às tarefas alheias ao ofício à luz da Clínica da Atividade: posicionamentos inconformados, ambíguos e conformados

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Messias, Joeder da Silva
• Orientador(a): Falcão, Jorge Tarcisio da Rocha
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
• Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Tarefa; Precarização do trabalho; Clínica da atividade; Real da atividade; Gênero profissional
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
• Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/52197

O presente estudo teve origem a partir de pesquisa anterior, de perspectiva clínico-qualitativa, com embasamento teórico na Clínica da Atividade, desenvolvida com técnicos em necropsia que atuavam em um Serviço de Verificação de Óbito (SVO). O processo de construção dos dados analisados na referida pesquisa foi mediado pelos seguintes recursos metodológicos: diário de campo; entrevistas semiestruturadas, realizadas individualmente; e entrevistas de Instrução ao Sósia, realizadas em dupla. Dentre os resultados encontrados percebemos que os técnicos em necropsia eram convocados a realizar tarefas alheias ao ofício e que eles se relacionavam de modos distintos com as atribuições em questão, fato que nos mobilizou a desenvolver os 3 (três) estudos aqui apresentados. Nesse sentido, o objetivo geral dessa tese foi desenvolver e ampliar análises de situações caracterizadoras de acúmulo de tarefas alheias ao ofício no fazer-profissional dos técnicos em necropsia, à luz do arcabouço teórico-conceitual da Clínica da Atividade. No estudo 01 o nosso objetivo foi caracterizar e discutir os diferentes posicionamentos dos trabalhadores com relação aos distintos acúmulos de tarefas alheias ao ofício. Conforme mencionado, identificamos 3 (três) categorias de enfrentamento às referidas tarefas: os posicionamentos inconformados, quando os trabalhadores demonstravam nítido incômodo; os posicionamentos ambíguos, quando demonstravam tanto o sentimento de incômodo quanto o de reconhecimento; e os posicionamentos conformados, quando se apropriavam das referidas tarefas de tal modo que as percebiam como pertencentes ao próprio ofício. O estudo 02 teve como objetivo estabelecer o diálogo entre o acúmulo de tarefas alheias ao ofício e uma possível interferência do gênero profissional, em termos da produção de um gênero profissional aqui denominado invasivo. Este estudo 02 abordou o referido fenômeno a partir de operadores teóricos como: instâncias do ofício, estilo, gênero profissional, poder de agir e trabalho bem feito. As análises decorrentes deste estudo nos apontaram para o entendimento de que a submissão dos trabalhadores às tarefas alheias ao ofício fazia com que eles se apropriassem do gênero profissional de outros cargos, originando o que denominamos de gênero profissional invasivo. Quanto ao estudo 03, trata-se de uma discussão teórica sobre o acúmulo de tarefas alheias ao ofício, pautada nas contribuições da abordagem supracitada, aliadas a estudos que versam sobre modelos de gestão do trabalho que emergiram a partir das demandas do sistema neoliberal, em especial o toyotismo, que ampliou o processo de precarização do trabalho. Teve como objetivo estabelecer a relação do acúmulo de tarefas alheias ao ofício com o processo de precarização das relações de trabalho, traçando conexões com operadores teóricos como: atividade, trabalho prescrito, trabalho realizado e real da atividade. A análise do contexto histórico-social realizada possibilitou perceber a relação do processo de superexploração do trabalho com ampliação e naturalização do acúmulo de tarefas alheias ao ofício. Percebemos através desses estudos que o acúmulo de tarefas alheias ao ofício se revela cada vez mais frequente nos contextos de trabalho e que tem potencial nocivo à saúde do trabalhador, o que sinaliza para a necessidade de desenvolver ações efetivas no combate à superexploração deste trabalhador.