Disputas discursivas em torno da nomeação quilombola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Carvalho, Andressa Veras de
Orientador(a): Leite, Jader Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55105
Resumo: A presente tese versa sobre a produção discursiva em torno da nomeação quilombola. O reconhecimento de sujeitos e comunidades quilombolas têm sido marcado por disputas que envolvem especialmente a questão da demarcação de terras e regularização fundiária no Brasil e os grandes projetos desenvolvimentistas. Defendemos que as discursividades construídas em torno da categoria quilombola a partir dos diferentes posicionamentos assumidos concorrem para (re)produzir diferentes versões acerca dessa categoria. Para isso, a partir da Análise Crítica do Discurso, analisamos documentos de domínio público enquanto incidentes críticos que permitiram visualizar a controvérsia produzida em torno do reconhecimento de sujeitos e comunidades quilombolas, identificando vozes, posicionamentos e repertórios mobilizados. Foi possível identificar duas matrizes discursivas: 1) histórica/arqueológica; e 2) plural/heterogênea. A primeira, que reforça a historiografia oficial e contribui para o apagamento das trajetórias das comunidades negras no pós-abolição, é defendida principalmente por grupos contrários à demarcação de terras, geralmente ligados ao agronegócio e ao latifúndio. Essa matriz retroalimenta o racismo e fortalece a estrutura social de exclusão e desigualdades vivida pelas comunidades quilombolas. Já para a emergência da segunda matriz, foi importante a atuação política de comunidades negras rurais, em diálogo com antropólogos(as), e a construção de um movimento social quilombola, o que favoreceu a produção de um novo léxico a partir de noções como grupo étnico, uso comum da terra e território. Essa matriz reconhece a diversidade de experiências em torno da ideia de quilombo, enfrentando o silenciamento histórico vivido pelas comunidades e permitindo a criação de políticas públicas voltadas para a garantia de direitos e emancipação social.