Inibição dos efeitos locais induzidos pelas peçonhas das serpentes Bothrops erythromelas e Bothrops jararaca pelo extrato aquoso das folhas de Jatropha mollissima (Pohl) Bail

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Gomes, Jacyra Antunes dos Santos
Orientador(a): Pedrosa, Matheus de Freitas Fernandes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACEUTICAS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21076
Resumo: Os acidentes ofídicos representam um sério problema em saúde pública nos países tropicais e subtropicais, sendo o gênero Bothrops o maior responsável pelos acidentes no Brasil e em toda a América Latina (correspondendo cerca de 90 % dos casos). Os efeitos locais (dor, edema, hemorragia e necrose tecidual) e sistêmicos (alterações cardiovasculares, choque e distúrbios da coagulação sanguínea) causados pela peçonha das serpentes do gênero Bothrops são devido aos inúmeros componentes protéicos e não-protéicos (carboidratos, lipídios, nucleotídeos, aminas biogênicas e vários íons), que fazem parte da constituição da peçonha. A única forma de terapia cientificamente validada é a soroterapia antiveneno, que, no entanto, não é eficaz com relação aos efeitos locais produzidos e, além disso, pode ocasionar sérias reações de hipersensibilidade aos pacientes. Sendo assim, a busca por novas alternativas à soroterapia se faz importante, e nesse contexto, muitas plantas medicinais vêm se destacando pelo uso popular como antiofídicas. Dentre essas plantas, pode-se citar a espécie Jatropha mollissima (Euphorbiaceae) que apresenta amplo uso popular na medicina tradicional como antiofídica, anti-inflamatória, antimicrobiana e antitérmica. Portanto, esse trabalho tem como objetivo a avaliação do potencial neutralizante dos efeitos locais induzidos pelas peçonhas de Bothrops erythromelas e Bothrops jararaca pelo extrato aquoso das folhas de J. mollissima. O extrato das folhas foi preparado por decocção, fracionado (por meio de partição líquido-líquido) e caracterizado por cromatografia em camada delgada (CCD) e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). A atividade antiofídica do extrato foi avaliada nos modelos de edema de pata, peritonite, hemorragia e miotoxicidade induzidos pelas peçonhas de B. erythromelas e B. jararaca sendo utilizados camundongos Swiss de ambos os sexos. Em todos os modelos o extrato foi avaliado pela via intraperitoneal nas doses de 50, 100 e 200 mg/kg, sendo administrado 30 minutos antes da injeção da peçonha (protocolo de pré-tratamento). Manchas sugestivas da presença dos flavonóides: apigenina, luteolina, orientina, isoorientina, vitexina e vitexina-2-O-ramnosídeo foram detectadas no extrato através da co-CCD. Por meio de CLAE foram identificados os flavonóides isoorientina, orientina, vitexina e isovitexina. Todas as doses testadas do extrato de J. mollissima reduziram o edema de pata induzido pelas peçonhas com intensidade similar à dexametasona. O extrato aquoso das folhas de J. mollissima, em todas as doses avaliadas, inibiu a migração celular induzida por B. erythromelas e B. jararaca promovendo a inibição do recrutamento tanto de células mononucleares quanto das células polimorfonucleares. A hemorragia local induzida pela peçonha de B. jararaca foi inibida significativamente pelo extrato. Ambas as peçonhas foram inibidas pelo extrato na atividade miotóxica. Esses resultados indicam que o extrato aquoso das folhas de J. mollissima apresenta potencial propriedade antiofídica sobretudo com relação ao efeitos locais, o que poderia justificar o uso dessa planta na medicina tradicional e na terapia complementar como antiofídica.