Penso e (re)posto, logo existo: uma análise dialógica das identidades através do signo #enemfeminista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cunha, Danielle Brito da
Orientador(a): Archanjo, Renata
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31909
Resumo: Nesta pesquisa, elabora-se uma análise qualitativa-interpretativa da (res)significação das identidades, através do discurso na ciberesferaesfera Twitter, ancorada na fundamentação teórico-metodológica inscrita na linha sócio-histórica da constituição da linguagem e do sujeito, sobretudo nos trabalhos de Bakhtin: sua concepção de linguagem, de enunciado e de gênero do discurso. Para Bakhtin e seu Círculo, a partir do momento que algo é enunciado, passa a significar, refratar e refletir. É a partir dessa pluralidade identitária que emerge o discurso e nele percebemos uma constante tensão, isto é, os enunciados estão embebidos em: ideologias, responsabilidade/responsividade, alteridade e memória discursiva. As (des)construções desses sujeitos são fruto dessa tensão e, para tentar resolvê-la, o sujeito sente a necessidade de falar sobre ela. Dessa maneira, a dinâmica da identidade, fluídae plural, perpassa o discurso, mostrando a relação que o sujeito constrói consigo e com o outro – apontada por Bakhtin como uma relação dialógica. Ou seja, há uma necessidade crescente e urgente do sujeito de pertencer, de ser, de estar e de ter sua verdade ouvida, seja por meio de reivindicações – como, por exemplo, pela adesão a movimentos sociais, movimentos feministas, movimentos partidários – , por meio de desconstruções desvinculadas a esses movimentos ou por meio de posicionamentos oriundos de experiências pessoais, mostrando as imposições sociais, construções e subversões de padrões, ideologias acolhidas e rejeitadas. A fragmentação se faz no tempo e no espaço, numa relação de exotopia e cronotopia. O formato velho e o novo coexistem de forma líquida, tornando novas as estruturas ou retornando às mesmas assim o sujeito deseje. Por isso, meu eu físico e meu eu virtual, minha vida pessoal e minha vida pública, minhas relações reais e íntimas e minhas relações apenas através de uma tela já se misturam de tal forma que podem ser confundidas entre si. Nessa fragmentação que nos leva a pensar para além dos aspectos estruturais e composicionais da linguagem, percebemos a necessidade de analisar e compreender como determinados discursos são (re)produzidos, circulam e são (ou não) aceitos nas práticas sociais, como eles contribuem ou não para essa (re)significação identitária. Sendo assim, com o intuito de analisar essa dimensão multifacetada, tomamos um corpus de cinquenta tweets sob a hashtag #enemfeminista, dos quais foram escolhidos vinte e quatro como amostragem, signo esse que surge a partir do tema da redação do Enem 2015: “a persistência da violência contra a mulher”. O objetivo deste trabalho é, assim, compreender como determinados discursos são (re)produzidos, circulam e são (ou não) aceitos nas práticas sociais, como eles contribuem ou não para essa (re)significação identitária. Para subsidiar a pesquisa, recorreremos aos Estudos Culturais, aos Estudos Feministas e à Linguística Aplicada, partindo do arcabouço teórico metodológico da Análise Dialógica do Discurso, e, principalmente, aos textos de Bakhtin e Círculo. A pesquisa nos apontou, em primeira instância, a confirmação das identidades fragmentadas, coexistindo em meio a uma turbulenta conjuntura político-social. Em segunda instância, percebemos a forte necessidade de pertencimento emitida pelos sujeitos em seus enunciados, assim como a forte influência das esferas comunicativas, por meio de discursos que mostram macrogrupos – feministas x antifeministas –, ao mesmo tempo em que se fragmentam em micro identidades plurais.