Feminismo islâmico e identidades: uma relação diálogica através do discurso corânico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Safo, Clarice da Conceição Monteiro de Lima
Orientador(a): Archanjo, Renata
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31354
Resumo: Esta pesquisa visa compreender a possível relação dialógica que existe entre o discurso religioso do Alcorão e a constituição teórica, ideológica e identitária do feminismo islâmico. Para tanto, foram cotejados dialogicamente excertos selecionados de entrevistas de três feministas islâmicas que teorizam sobre o feminismo islâmico e/ou militam pela causa das mulheres no Marrocos em consonância com os versículos do Alcorão, a fim de entender como o discurso presente no Alcorão é capaz de influenciar a construção da teoria feminista islâmica e constituição identitárias dessas mulheres em particular, bem como das demais mulheres nessa sociedade. Para analisar esse fenômeno recorreu-se a diferentes tipos de literaturas. Para analisar a relação dialógica dos versículos com os enunciados das feministas islâmicas, utilizouse a teoria desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin (2002; 2007; 2010; 2015), Volochinov (2010), especificamente no que tange o conceito de dialogismo, enunciado, ideologia e vozes sociais. Para entender a construção das identidades dessas mulheres, foi indispensável recorrer aos estudos culturais para construir a compreensão da identidade sob a visão de Stuart Hall (2003; 2005; 2006; 2013), Woodward (2013). Além das teorias de análises, esta pesquisa também buscou referência tanto nas teorias feministas ocidentais, para historiar o feminismo no Ocidente: Consolim (2017), Ângela Davis (1982), Butler (1990), quanto na teoria feminista islâmica, para entender sua constituição: Asma Lamrabet (2007/2012/2015), Stéphanie Latte Abdallah (2010/2012), Margot Badran (2010), Souad Eddouada e Renata Pepicelli (2010), e Malala Yousafzai (2013) Zahra Ali (2012) Cila Lima (2014). Como resultado, considerou-se que a presença do discurso religioso corânico dentro do discurso feminista islâmico proporciona uma proximidade entre as demandas da vertente, uma vez que os direitos reivindicados possuem base religiosa, sendo possível a conciliação com a religião por elas professada. Além disso, percebeu-se que os enunciados demonstraram que o discurso corânico perpassa as vozes das três feministas/militantes e refrata-se por diversos domínios de suas vidas, o que evidentemente, impacta em suas identidades enquanto muçulmanas e defensoras dos direitos das mulheres.