Narrativas da geograficidade, legendas do mundo: interpretando as paisagens de cinema em O Senhor dos Anéis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nascimento, Francyjonison Custódio do
Orientador(a): Costa, Maria Helena Braga e Vaz da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31942
Resumo: A Geografia é um dizer do mundo, uma forma de narrar a experiência humana na Terra, uma narrativa da geograficidade. Diante disso, as linguagens artísticas, compreendidas como manifestações e expressões da geograficidade, ganham proeminência em estudos geográficos, pois são capazes de promover reflexões a respeito da relação ser humanomundo, principal preocupação da abordagem cultural da Geografia. Essa compreensão acentuou e renovou a relação entre a ciência geográfica e as diversas linguagens artísticas. Na atualidade, as obras cinematográficas, que já possuem longo um histórico de contribuição na Geografia, são convocadas a colaborar nas reflexões sobre a experiência humana na Terra e os discursos sobre o espaço. Com efeito, os filmes, linguagens artísticas de cunho narrativo e visual, são compreendidos como geografias, como formas de dizer a experiência dos seres humanos no mundo. Diante disso, num tempo marcado pela cinematografização do mundo e pelo retorno ao imaginário, optamos por compreender as relações de geograficidades nos filmes da trilogia O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001), As Duas Torres (2002) e O Retorno do Rei (2003). Para tanto, discutimos a natureza narrativa da Geografia bem como a noção de geograficidade desenvolvida por Eric Dardel. Elaboramos, ainda, uma discussão teórica a respeito do diálogo Geografia-Cinema, optando pela ideia de espraiamento dos dois campos do conhecimento. Além da revisão bibliográfica, este trabalho tem bases numa metodologia composta por interpretações hermenêuticas dos elementos fílmicos contidos nas obras. A tese propõe a superação das bases teórico-metodológicas da relação Geografia-Cinema, fundadas sobre um viés mimético, que pensa o filme como cópia, ou sobre um viés arqueológico, que concebe o filme como uma máscara do mundo. Sob inspiração da abordagem fenomenológica-existencial em união com as matrizes discursivas da paisagem, propomos que os significados geográficos são construídos no encontro paisagem-geógrafo. Este encontro é personalizado e mistura pensamento, afeto, imaginação e todos os elementos da paisagem. Tal proposta está amparada na congenialidade, na interexpressão e rompe as visões dicotômicas anteriores, promovendo uma perspectiva de coexistências, o viés “espraiante”. Este último une elementos, outrora considerados opostos, tais como: ciência e arte; razão e imaginação; subjetividade e objetividade; signo e significado. Concluímos que, como legenda do mundo e narrativa de geograficidades, a trilogia O Senhor dos Anéis revela discursos a respeito de enraizamentos, de mobilidades e do cuidado com a terra.