Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Frota, José Roberto Guimarães da Rocha |
Orientador(a): |
Pellejero, Eduardo Anibal |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46840
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Resumo: |
Se há um tema que atravessa todo percurso filosófico de Merleau-Ponty e que, certamente, ao mesmo tempo que o insere dentro de uma tradição inaugurada por Descartes, o coloca em oposição radical a essa mesma tradição, este é o tema da relação entre consciência e natureza: ele é o ponto de partida da investigação em A estrutura do comportamento, e tema também da Fenomenologia da Percepção, trabalhos esses em que a questão é colocada a partir de um deslocamento da compreensão, desde Descartes, do que seja experiência e percepção, ancorando-as na facticidade de um corpo próprio, fazendo assim aparecer na percepção e na experiência um fundo de expressão. A mesma questão está presente em seus escritos, pós Fenomenologia, que interrogam os fenômenos da expressão e da linguagem. É nesse sentido que propomos aqui que A estrutura do comportamento nos abre para questões que vão acompanhar o filósofo até seus últimos escritos, que elas não perdem validade com os movimentos por vir de seu autor, mas que pelo contrário, ganham em profundidade, que elas já nos introduzem a pontos axiais que vão nortear as pesquisas futuras, que A estrutura do comportamento vai se tornando, conforme o pensamento do filósofo se alarga, num aspecto do todo da obra, de modo que pode se dizer que ela ilumina e é iluminada pelo pensamento que a sucede. No primeiro momento dessa dissertação, secção 1, introduzimos uma questão central de A estrutura do comportamento, questão a partir da qual o filósofo constrói sua crítica às filosofias substancialistas: o ser determinado, encerrado em si mesmo, concluído é o pressuposto comum tanto a atitude empirista como a intelectualista, o preconceito que ao mesmo tempo não lhes permite reconhecer o solo comum de suas teorias e as encerram ambas numa atitude positiva e objetiva. Secção 2 trás sua crítica ao cartesianismo com base na reflexão sobre a teoria dos reflexos. A crítica pontiana não se reduz, mostramos nesta secção, à destruição de uma tradição, em verdade, Merleau-Ponty constrói uma crítica buscando restaurar um Descartes que ainda nos dá muito a pensar. Procuramos mostrar que a noção de impensado que será trabalhada mais explicitamente nos escritos derradeiros, já está presente nesta primeira obra. Nas secções 3 e 4, buscamos expor sua crítica à Gestalttheorie e ao behaviorismo que aponta, simultaneamente, para insuficiências dessas na forma de comprometimento com o substancialismo, e para aquilo que trazem de mais fecundo, qual seja, as noções de comportamento e forma; é pela apropriação e radicalização dessas noções que as relações entre consciência e mundo (ou mesmo animal e meio) se mostram ambíguas, revelam a necessidade de um pensamento da ambiguidade e do inacabamento. Na última secção mostramos como os temas abordados reverberam no todo da obra e mesmo no movimento mais explícito do autor para um fazer filosófico como escritura, escritura essa que simultaneamente é convocada pelo silêncio e envolvida no silêncio. Se propomos, assim, que A estrutura do comportamento tem um sentido que vai além dela, é porque defendemos que ambiguidade, inacabamento, o silêncio do mundo percebido e a compreensão de percepção já como expressão, temas esses trabalhados nesta obra inaugural, se fazem presentes e mesmo governam aspectos centrais de todo percurso do filósofo. |