Resumo: |
Desde a década de 1970, o Brasil tem passado por inúmeras transformações em suas estruturas econômicas e produtivas, as quais possuem relação simbiótica com a organização e dinâmica do território brasileiro. Esse conjunto de transformações econômicas, sociais e técnico-científicas desenvolve-se no bojo da reestruturação produtiva do capital, processo que ocorre em escala global, mas que se efetiva com particularidades nos diferentes lugares. Partindo dessa premissa a presente pesquisa teve como objetivo principal analisar a reestruturação produtiva do setor de laticínios no Rio Grande do Norte, destacando sua relação com o processo de produção/organização do espaço e seus reflexos sobre as relações sociais de produção. A metodologia adotada para elaboração deste trabalho pautou-se na realização de revisão bibliográfica acerca dos processos de produção do espaço e reestruturação produtiva, pesquisa documental sobre a dinâmica do setor de laticínios no Rio Grande do Norte, bem como sobre as instruções normativas que regulamentam a produção de derivados lácteos no Brasil, paralelamente efetuamos a coleta de dados secundários, junto a órgãos oficiais, como IBGE, EMATER e SINDLEITE. Outro importante recurso metodológico foi à realização da pesquisa de campo, a qual nos permitiu conhecer empiricamente as distintas realidades vivenciadas pelos agentes que atuam no sistema produtivo do leite no Rio Grande do Norte. As análises ora realizadas evidenciam que o processo de reestruturação produtiva do setor de laticínios é fomentado, sobremaneira, pelo Estado, que financia, incentiva e normatiza a produção de lácteos no país. No caso específico do Rio Grande do Norte, este processo é impulsionado pela criação do “Programa do Leite”, o qual por meio da constituição de um mercado institucional contribui para o fortalecimento e expansão das indústrias, em detrimento do setor artesanal de processamento. Ainda assim os agricultores familiares seguem atuando na atividade, seja somente produzindo e comercializando leite in natura, fornecendo leite para unidades de processamento, intermediando a produção de seus pares ou beneficiando artesanalmente o leite nas queijeiras tradicionais presentes em todo o estado do Rio Grande do Norte. Os resultados obtidos revelam que é complexa teia de relações de relações sociais de produção que se estabelecem no amago no amago da atividade laticinista no Rio Grande Norte, estas sendo sumariamente marcadas pelas relações de concorrência e complementariedade, entre os setores industrial e artesanal de processamento do leite |
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